quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Resenha - Eu Vejo Kate, O Despertar de um Serial Killer

Fala galera!!! 

Estou super sumida né? Mas o motivo é bom, fora a correria no trabalho para sair de férias agora no fim do ano, também me organizei para dar aquele gás e finalmente terminar o meu livro, O Diário de Amélia! Pense numa alegria!? O caminho ainda é longo, revisar, conseguir editora e tals, mas a gente chega lá!

Hoje trago a resenha de um livro que estou participando como booktour, este aí do tema e aqui abaixo as informações técnicas e sem mais demoras, bora falar sobre:


Informações Técnicas

Livro: Eu Vejo Kate, O Despertar de um Serial Killer
Autora: Cláudia Lemes
Editora: Empíreo
Ano: 2015
Páginas: 391 

Sinopse
Uma escritora obcecada. Um agente do FBI com a carreira em risco. Um serial killer...morto.
Três personagens. Três narradores. Uma pergunta.
Quem está matando as mulheres de Blessfield?







Preliminares

Só digo uma coisa: tô de ressaca. haha
No momento, parece que nenhum livro será tão bom quanto Eu Vejo Kate e apesar de eu ter ganhado excelentes livros e estar com uma fila de espera de leitura quilometrica, no momento, nada mais me atrai se não a vontade de começar a ler de novo esse livro da Cláudia Lemes.
Eu não conhecia a autora, mas já estou louca para conhecer do que mais ela é capaz.

A linguagem do livro é bastante pesada, tanto para descrever cenas de sexo, como sobre os assassinatos, mas a autora deixa bem claro nas preliminares que não aliviou na narrativa e logo nas primeiras páginas vi que ela não estava exagerando. haha

O livro te prende da capa à sinopse, não tem uma parte que ele dê uma esfriada e você tenha vontade de pular algumas coisas, na verdade, quanto mais eu lia, mais percebia que estava ferrada para conseguir acordar no dia seguinte para ir trabalhar.
 E o mérito é todo da escritora, que dedicou pacientes 10 anos estudando a fio o comportamento de um serial killer, o que torna a leitura mais real e por vezes dava até um frio na espinha de imaginar que alguém realmente tenha coragem de cometer tamanha crueldade. Aliás, a realidade com que Cláudia narra essa história me deixava na maioria das vezes apreensiva, no final não dava para acreditar nas coisas que aconteceram e é exatamente isso que tornou a leitura vibrante.

Mas afinal, qual é a história?

Três personagens principais:
 Nathan Bardel - o serial killer, morto após ser condenado pelos seus crimes.
Katherine Dwyer - a escritora que decide escrever a biografia desse serial, até ser ameaçada se continuasse no caso.
Ryan Owen - ex agente do FBI, que dedicou muito tempo e métodos peculiares até conseguir prender Nathan e por isso Katherine procura por ele para conseguir mais informações para o seu livro e é também por isso que a história dos três se enrola e eles acabam tendo um caso.

É possível quase gostar de Nathan Bardel nos momentos de ação da narrativa e por ele ser apenas uma alma, eu realmente não consegui imaginar algum ator fazendo seu papel...haha...isso é legal, pois a ideia de que ele é apenas um fantasma foi bem feita, né?
É possível odiar facilmente a fraqueza de Katherine com seu ex namorado Dale, pra quem ela sempre libera seu corpo (digamos) só pra que ele se satisfaça e depois vá embora como um completo cafajeste... mais tarde a fragilidade de Kate e o quão forte ela é (parece contraditório, só lendo para entender o que digo), é percebida e aí tudo faz sentido. Eu imagino Kate interpretada pela atriz Evangeline Lilly.
Ryan Owen é o tipo de personagem atraente, na minha mente, ele se parece com Mathew Settle (personagem que faz Ruffus, pai de Dan em Gossip Girls). O cara é gênio, top! hehe

Eu particularmente sempre gostei de CSI, Without a Trace, Investigação Discovery, sempre tentando presumir o autor dos crimes antes do programa. No caso do livro, levou um tempo, mas minha suspeita se confirmou quando finalmente é revelado quem está imitando os "módus operandi", isto é, a forma como um serial killer mata suas vítimas, desde o perfil até a assinatura que deixam como marca dos seus crimes. Afinal, alguém estava continuando o trabalho do falecido serial Nathan Bardel na cidade de Blessfield. E o que choca quando descobrimos o assassino nem é descobrir de fato quem é, mas tamanha frieza e repito, a autora não economizou vítimas nem sangue!

A ideia do livro é também demais, muito criativa, usar um "espírito" de um serial killer e retratar em três narrativas diferentes uma história tão marcante!

Eu Vejo Kate definitivamente vai pro topo das melhores leituras de 2015.

Camila Mendes cita Dan Brown em certo momento, o que me deixou ainda mais encantada pela riqueza do seu trabalho e por citar um escritor que também amo, mas que na minha opinião, ficou no chinelo em termos de narrativa de suspense perto de Eu Vejo Kate, com todo respeito.
As cenas de sexo...bom, eu diria que 50 Tons de Cinza é muito fraco...haha

No geral, eu gosto mesmo é de livros de romance, mas se tiver mais livros como Eu Vejo Kate, troco facilmente.

Por fim, deixo aqui essa super recomendação desse super livro!

Quando lerem, compartilha aí que atores imaginaram para os personagens!

E em breve postarei a entrevista com Juliana Daglio, autora de Uma Canção Para Libélula, uma fofa! Está imperdível!

Bjs galera!!!




















domingo, 15 de novembro de 2015

Uma quase mochileira

Fala galera!!!

Como estão?

Alguns acompanharam o livro que eu estava compartilhando aqui no blog contando a história de amor entre Ian e Beca e agora que finalizei, posso me dedicar aos outros temas propostos aqui no blog e um em especial que ainda não abordei que é relacionado a viagens. Afinal, o nome do meu instagram e blog é justamente Resenhas Viajantes.

Decidi compartilhar com vocês o prazer de viajar na companhia de uma boa leitura e farei isso contando sobre meu fim de semana em São Paulo, pra onde fui, afim de participar do chá de lingerie de uma grande amiga.

Bom, vou pautar algumas coisas que me permiti desfrutar por lá e você pode agregar ou não para suas próximas aventuras:

1 - Rodoviária
Mano, não conheço muitas rodoviárias, mas a de Campinas passou por nova estruturação e tá massa, mas, não é de estrutura necessariamente que quero falar (mas, sim, é algo importante também) é o que tem dentro das rodoviárias...wow! Na de Campinas por exemplo, tem uma espécie de livraria, um espaço bem generoso cheio de livros alternativos com preços entre R$ 5 e 10 reais -  pasmem! Lógico que eu não resisti e fui dar uma conferida no acervo.
Eis o local:





Olha o tanto de livro! É um paraíso para nós carteiras assinadas! hehe

Depois de muito andar pela livraria, um livro me chamou a atenção e como eu tinha horário para embarque, não podia me demorar muito e o livro escolhido foi....

Tcharan....Onze, de Mark Watson.
Não falarei muito sobre o livro, pois quando finalizar, pretendo postar uma resenha. Mas posso dizer que está sendo uma leitura muito agradável. Apenas como prévia, digo que trata-se da história de Chris, um locutor de rádio que dá dicas de vida para pessoas...que não dormem de madrugada e parecem gostar dos seus conselhos. Em algum momento seus conselhos se interligarão à vida de outras 11 pessoas, mas eu ainda estou nas primeiras páginas e o autor é super detalhista, adora falar sobre a neve...rsrs...aguardando a dinâmica do livro.

Metrô:
Galera, sérião, quem ainda não teve essa experiência (não que tenha sido minha primeira vez) precisa experimentar: ler um livro durante um trajeto de metrô...se dizemos que os livros tem o dom de nos levar para dentro das histórias, o metrô faz essa aventura ficar ainda mais inebriante...enfim...LEIAM UM LIVRO NO METRÔ!

Metrô - Parte 2:
Sim, eu divide o metrô em 2 partes, porque, eu quis ser organizada! puff

Anyway...Sabe aquelas máquinas que você coloca o dinheiro e escolhe o salgadinho, chocolate ou refrigerante? Agora pense nessa máquina...para LIVROS....óó...com preços tipo...R$ 4 ou 8 reais! Só não pirei mais porque a máquina que eu achei só tinha umas revistas...pena...mas eu sei que tem de livros também. Fiquem sempre atentos! haha

Olha a máquina:


Casa dos outros:
Bom, cheguei na casa da minha amiga pro chá e fui deixar minha mochila de quase mochileira em seu quarto, quando me deparo com isto:


Nossa Sarah! Grande coisa, uma estante! NÃO. Nunca será apenas uma estante...estantes são portas de guarda roupas de Nárnia, te convidando para novas aventuras!!! Só que a estante dela foi pouco proveitosa já que boa parte dos livros era em alemão, um dos idiomas que ela pratica e que precisa, já que o noivo é suíço! hehe

Por fim...Rodoviária de novo, sim...explorar uma rodoviária pode ser muito mais prazerosa do que um shopping e também mais barata!

Acabei comprando:
O Diário de Anne Frank por R$ 22,00
Cem Melhores Crônicas, de Mário Prata por R$ 10,00

Enfim, espero que tenham curtido e que possam ter experiências ainda melhores que a que tive e aproveita que o natal está chegando para passear pela Paulista, os prédios comerciais sempre dão show de decoração.
Ah! E também tem que ir no Parque do Ibirapuera, vai no cair da tarde, leva um livro, fica de boa e de noite, conteplem a Dança das Águas! É mágico!!

Bjss galera!!!



sábado, 14 de novembro de 2015

Capítulo 22 - E Viveram...

Diga à Beca, que a vida vale a pena!
...
Não garanto que depois do "sim" de Beca outras bolhas não se formaram nos achismos da garota, mas com o passar do tempo Ian aprendera a quebrar cada uma delas e mostrar para Beca que o amor dele não mudaria.
Ian não apenas amava Beca, mas tinha um certo prazer em surpreendê-la sempre que podia. A carreira como advogado lhe rendera reconhecimento e com o passar do tempo, Ian começou a assumir casos mais complicados, até que decidiu se candidatar como promotor público. Na maioria das vezes os casos eram resolvidos de forma rápida, em outras, Ian até chegava em casa tenso e Beca ficava incumbida de ajudar o marido a esquecer as histórias que tinha que lidar durante as investigações. Normalmente eles iam ao parque, ou simplesmente alugavam um filme e ficavam juntinhos conversando, namorando e se gostando. Uma noite, sentados no chão e encostados no sofá, Beca comentara que gostaria de morar numa casa com um fundo para uma pequena floresta, um lugar que macacos pregos e diferentes pássaros viessem passear e roubar umas frutas que Beca propositalmente deixaria para eles. Ian guardou o desejo da esposa na mente e depois de algum tempo lhe presenteara com a casa, do jeitinho que Beca imaginara. Tinha até mesmo um lugar para Beca montar seu escritório em que atendia suas clientes, ela clinicava por conta, depois de passar pelo processo obrigatório de residência, mas gostava mesmo de se dedicar a arte, outra paixão que descobriu com o tempo e ela tinha muito talento na verdade.
Beca estava na sala da casa, que era rodeada de verde, portas de vidro com vista para a natureza, ela havia parado um momento a arrumação da casa nova para rever as fotos do seu casamento, que acontecera num domingo pela manhã em São Paulo, perto da família, para onde os dois voltaram a morar depois que se formaram. O domingo proporcionou ao casal um cenário perfeito de claridade, os padrinhos de smokings brancos, tinha até mesmo gaivotas no céu e alguns cisnes no lago do sítio em que celebraram a união.
O projeto em que Beca contribuíra para o estudo de paraplegia não havia tido sucesso e ela permanecia na cadeira de rodas, foi uma das bolhas que ela formara na época, querendo ou não, a ideia remota de poder andar era algo latente desde que surgiu a possibilidade e ter que lidar com frustração era um novo desafio, mas nada que o tempo e Ian não pudesse contribuir para que a rotina voltasse ao normal.
Enquanto olhava o álbum de casamento, Beca encontrou uma foto antiga dos seus pais, que como ela e Ian, também cresceram juntos e assim permanecem até hoje.
Débora, mãe do Ian estava ajudando Beca a desfazer as coisas da mudança e parou para ver as fotos com a nora.
- Seus pais formam um lindo casal. - Comentou Débora.
- Formam mesmo. - Concordou Beca com um sorriso. - Nossa, nesse dia, Ian estava muito nervoso com cara que não deixou uma senhora passar na frente para ser atendida. - Lembrou Beca, olhando uma foto dela com Ian em que o rapaz estava com uma cara de rabugento. 
- Ian nunca aguentou ver alguém agindo com indiferença, não importava quem fosse. - Observou Débora, sorrindo ao ver a foto do filho.
- Ele sempre foi meu herói. - Respondeu Beca, permitindo algumas lágrimas.
Ian fora morto depois de tentar impedir alguns jovens de continuar a agressão à um morador de rua, os jovens bateram até que Ian desmaiou. Quando o resgate, Ian só conseguiu com muito esforço deixar um pequeno recado: "diga à Beca, que a vida vale a pena!"
...
O casamento de Beca e Ian fora o mais lindo de todos os tempos, não teve um convidado que deixou de contemplar o amor que havia entre os dois apenas numa simples troca de olhares ou num tocar de mãos.
Em seu voto, Ian lembrou a Beca com a vida poderia ser bela quando permitimos ir além dos nossos medos e que ele cuidaria dela com a honestidade que o amor pedia.
Beca quase não conseguiu dizer seus votos depois de ouvir o marido, mas tomou fôlego e começou a discursar, com o mesmo olhar que lhe dera na noite da formatura:
Ian Freitas, quando eu acho que a vida já me presenteou o suficiente, me lembro que temos uma vida inteira juntos e isso me traz um sorriso que acabo não conseguindo disfarçar, mas quer saber? Deixo mesmo a alegria aparecer sem me importar com o que pensarão, porque a verdade é que esse amor que construímos precisa ser passado adiante. Eu quero que outros tenham o prazer de desfrutar do bem que você faz e do quanto lhe sou grata por tudo. E se tivermos apenas mais esse dia, que grande dia está sendo e é exatamente assim que me sentirei sempre. Eu te amo!
 No próximo domingo, Beca e Ian completaríam dez anos de casados.

Capítulo 21 - Bolha Quebrada

Não existe nada que resista à uma objetiva frase de três letras.
...
Beca segurou a mão de Ian tão forte que fez o rapaz por um instante cerrar os olhos, não por dor, mas tentando encontrar nas feições de Beca o que aquilo significava. Os olhos da garota acumulavam um tanto de lágrimas que se recusavam a correr pela sua face e Ian percebeu naquele momento de que a resposta para a sua proposta era "não".
- Por que Beca? - Perguntou o rapaz incrédulo.
- Eu não sei se algum dia você conseguirá entender o quanto eu te amo, Ian e é por isso que eu preciso te deixar ir. - Respondeu Beca, forçando um sorriso.
- Olha, se alguém te contou sobre ontem, juro que eu não quis nada, me drogaram, Beca, você precisa acreditar em mim. - Retrucou Ian inquieto.
- Te drogaram? - Perguntou Beca surpresa.
- Sim...você não sabia? - Perguntou o rapaz confuso.
- Não, Ian, como poderia? - Perguntou Beca, achando certa graça na confusão do rapaz. - Ian, presta atenção, sou eu quem não pode levar isso adiante e eu preciso que você respeite isso. - Concluiu Beca, voltando a ficar séria.
- Não faz sentido, Beca, você veio antes pra ficarmos juntos e agora está terminando tudo. O que mudou? - Perguntou o rapaz nervoso.
- É complicado, Ian. - Respondeu Beca.
- Tenho certeza que eu consigo entender. - Retrucou Ian se levantando.
- Se eu estivesse aqui ontem, você nunca teria se divertido como se divertiu. - Admitiu Beca enfim.
- O que? Você está mesmo achando que eu não teria me divertido com você? - Perguntou Ian descrente.
- Teria sido diferente, Ian. - Retrucou Beca.
- É claro que teria! Teria sido bem melhor do que ser drogado. Acha mesmo que me diverti, Beca? Foi a pior noite da minha vida, minha cabeça ainda está dolorida. - Respondeu Ian sorrindo.
- Então você não se divertiu ontem? - Perguntou Beca encabulada.
- No começo da noite sim, não vou mentir, mas não durou praticamente nada. Algum engraçadinho colocou alguma coisa na minha bebida e aí eu não lembro de mais nada. - Explicou Ian.
Um pedacinho da bolha protetora de Beca acabara de ser quebrado.
- Eu não quero imaginar que você está perdendo de viver tudo que pode por estar preso a uma...
- Estar com você é liberdade, Maria Rebeca! - Interrompeu Ian, sorrindo ao ver Beca torcer o nariz como sempre fazia quando alguém falava seu nome composto.
E então a bolha se quebrou  mais um bom pedaço, Beca sentia-se por dentro cada vez mais viva. Tudo o que precisamos é que alguém insista em dizer o quanto nos ama, para quebrar nossos paradigmas.
- Maria Rebeca, vou perguntar-lhe uma última vez, você aceitar casar-se comigo e assim poder fazê-la feliz mais que apenas um dia? E me deixar sorrir suas alegrias e me deixar te levar para sentir o vento em seu rosto a cada novo dia, só pra ver seus olhos fecharem em contentamento. Eu poderia passar o resto da noite dizendo como será nossa vida juntos, mas por agora, o que mais quero é o seu sim. - Concluiu Ian, tirando do bolso uma pequena caixinha de veludo preta, tornando a se ajoelhar na frente de Beca e mostrando a linda aliança com uma pedrinha que quase piscava para a garota.
- Sim! - Respondeu Beca.
E por fim a última parte da bolha se quebrara.

Capítulo 20 - Reação

Beca quase pode sentir suas pernas fracas com o que acabara de ouvir, se não fosse o detalhe de que era paraplégica.
...
As pessoas à sua volta olhavam para o casal parado no grande hall de desembarque, até a música ambiente que tocavam parecia ter entrado numa espécie de lentidão, tudo passava mais devagar ao redor do casal, Beca permanecia olhando com completa surpresa para o rosto de quem sabe o que está fazendo de Ian e tentando encontrar a voz para reagir a proposta que acabara de ser feita.
- Case-se comigo minha linda Beca! - Repetiu o pedido o rapaz, ainda de joelhos.
O que Ian não sabia é que Beca havia entrado num bolha protetora e só sairia de lá quando realmente sentisse que seus medos haviam ido embora. Ter passado o natal longe de todos que amava e ainda sendo tratada com completa indiferença por pessoas medíocres, sem contar o fato de ter tido a real impressão de que o namorado havia se divertido demasiado, a fez recuar de tudo que acreditava ter direito, não que ela algum dia havia perdido isso, mas levaria um tempo para voltar a acreditar que nunca o perdera.
O pedido do rapaz não era por culpa, afinal, o plano de propor casamento à Beca vinha desde que decidiu fazer a surpresa nessas férias para a garota, o que Ian nunca precisou perceber é que no mundo de Beca, algumas coisas facilmente confrontavam suas verdades, como o fato de no momento, ela achava que precisava deixar o rapaz livre de um compromisso, sem que ele precisasse se privar de curtir a juventude para ter que cuidar de uma cadeirante. Beca nunca se diminuiu pela condição que tinha, só não queria ser egoísta com a vida das pessoas à sua volta e manter Ian neste namoro, para ela era egoísmo.
E Ian...continuava ajoelhado esperando uma resposta.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Capítulo 19 - A Proposta

"O amor certamente mudou o meu caminho. Case comigo, hoje e todos os dias."
(Train - Marry Me)
...
Ian continuava petrificado no meio da sala e apesar de Beca o chamar por duas ou três vezes, resolveu dar um tempo para o rapaz processar a novidade que acabara de compartilhar. O rapaz encarava a garota semi nua desmaiada no sofá, a casa desconhecida e tentando domar a dor de cabeça que coincidentemente ganhara força com a novidade. Em qualquer outro momento dessas férias, ouvir Beca dizer que estava voltando dias antes do planejado e assim teria gerado uma reação imediata de euforia. Beca sabia portanto, que este silêncio não poderia ser algo bom.
Não era o melhor dos momentos que Beca enfrentava e pra dificultar, ela não estava sabendo enfrentá-los com a mesma maturidade de sempre. Enquanto o silêncio de Ian perdurava, a imaginação de Beca começou a imaginar o que poderia estar passando pela cabeça do rapaz: "ele não gostou da surpresa", "ele está arrependido de ter vindo me ver" e a pior de todas as ideias: "algo de muito bom lhe aconteceu na noite passada e eu só vou atrapalhar voltando antes"
- Ian! - Chamou Beca, dessa vez com mais firmeza na voz.
- Oi! - Respondeu Ian, saindo do estado de transe. - Desculpa, a ligação está ruim - mentiu o rapaz - você chega essa noite?
- Sim! - Confirmou Beca.
- Que notícia maravilhosa! - Disse Ian, pouco convincente.
- Tem certeza? - Perguntou Beca. - Você não parece muito feliz com a surpresa.
- Que besteira, é claro que estou. - Reforçou Ian. 
- Então, nos falamos mais tarde, pessoalmente. - Certificou-se Beca.
- Mau posso esperar. - Completou Ian. - E...Beca! Eu te amo! - Disse o rapaz.
Beca deu um sorriso do outro lado da linha e apenas se despediu de Ian. A garota entrara numa zona de defesa e até rever Ian, ficaria naquela bolha até que voltasse a sentir-se segura novamente para expor seus sentimentos. Era uma volta no tempo, como a vez em que estava na cozinha com a sua mãe e preferia mentir a ter que admitir que gostava do garoto mais do que um simples amigo. Por um instante Beca até pensara em desistir da passagem e manter o plano original de voltar apenas depois da virada do ano, mas sabia que precisava encarar a situação, fosse ela o que fosse.
"Beca está chegando" pensou Ian.
- O que foi cara? - Perguntou Fábio, vendo o colega atônito.
- A Beca, disse que chega essa noite. - Respondeu Ian, pasmado.
- Aqui? Tipo, ela está voltando, cara? - Perguntou Fábio confuso.
- Como é que eu vou explicar essa noite pra ela? Nem mesmo eu sei o que aconteceu.
- Cara, relaxa, ela nem precisa saber. - Aconselhou Fábio.
- Não, eu nunca menti pra Beca, ela me conhece. - Ian recusou veemente a ideia de Fábio.
- Bom, você que sabe. - Concluiu Fábio indiferente.
- Vou nessa. Depois a gente se fala.
Fábio acompanhou Ian até um taxi, já que o rapaz se quer sabia que casa era aquela, quem dirá conseguir voltar para casa sozinho. A cabeça teimava em latejar sem pausas, o que tornava mais complicado refletir sobre qualquer coisa, mas Ian definitivamente havia percebido que Fábio seria um colega distante, que pouco se importava com compromissos, dar ouvido aos conselhos do rapaz sobre esconder de Beca a noite anterior estava fora dos planos de Ian, ele só não sabia exatamente como fazer.
Em algum momento, a tranquilidade parece perceber o quanto precisamos dela e ela se manifesta de alguma forma, no caso do Ian, veio como melodia no rádio do taxista. Qual era a chance de tocar uma música brasileira numa rádio na cidade de Boston? Quando se trata de Ian e Beca, tudo era possível; o som dos Tribalistas começou a crescer e ganhar mais sonoridade no ambiente, fazendo Ian soltar uma alta gargalhada que até o taxista estranhou, mas o rapaz nem ligava.
...
Horas mais tarde...
Com muito custo, Ian conseguiu explicar ao taxista que queria chegar ao aeroporto, o garoto estava duas horas adiantado, mas não queria correr o risco de perder a chegada de Beca. Na sala de desembarque, Ian parecia inquieto enquanto os minutos se findavam, a tela acima de sua cabeça já informava que o desembarque dos passageiros havia encerrado, a qualquer momento, Beca cruzaria a porta automática em sua direção e o rapaz já não se lembrava, pelo menos por aquele instante, das travessuras que aprontara na noite anterior. Havia muita expectativa entre as pessoas ao seu redor que também aguardavam algum conhecido para passar a virada de ano, era quase que uma lugar onde a saudade era trocada por reencontros e ali mesmo outra hora cravava nos corações que partiam novamente.
Quando Beca cruzou o corredor em direção à Ian, seus olhos instintivamente se encheram de lágrimas, ver o rapaz era como sentir a brisa do vento no rosto novamente, Ian tirou um pequeno buquê de Tulipas coloridas, em cores vibrantes que havia escondido até que Beca se aproximara mais. Até as flores pareciam sorrir com a aproximação do casal.
- Beca! - Disse Ian, abrindo um sorriso tímido, parecendo a vez que o rapaz a viu no vestido de formatura.
Não importa quantas vezes os dois se vissem, Ian sempre olharia para Beca como quem acabava de descobrir o amor.
Ian se ajoelhou em frente à Beca, que o olhava com bastante firmeza, sem saber exatamente o que pensar a respeito, ele descansou a cabeça no colo de Beca e ela sorriu, pousando as mãos nos cachos de Ian. Depois de um tempo em silêncio, Ian voltou a olhar para Beca e finalmente falou:
- Casa comigo?

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Capítulo 18 - Natal - Parte 2

Os parentes da Raquel continuavam a encarar Beca e sua cadeira de rodas, eles nunca deviam ter visto uma deficiente antes.
...
No começo da noite, Beca tentara ignorar os olhares sobre ela, era possível contar nos dedos de apenas uma das mãos àqueles que foram gentis e ao menos desejaram-lhe boas festas, com certeza essa era a primeira vez que um grupo da sociedade tratavam um deficiente com tamanha indiferença e talvez se não fosse o pré desconforto que vinha sentindo e de saber que Ian estava se divertindo de uma maneira que a surpreendeu, Beca teria certeza de que aquelas pessoas tinham o poder de manipular sensações apenas com olhares. Não que Beca preferia o Ian recatado, era o dia que tinha acordado com o pé esquerdo e tudo que ela mais queria era voltar para o hotel.
- Beca, está tudo bem? - Perguntou Raquel, sentando-se ao lado da colega.
- Só estou um pouco indisposta. Se importa se eu voltar para o hotel? - Perguntou Beca, esfregando a testa.
- Claro que não. Precisa de alguma coisa? Quer que eu vá contigo? - Perguntou a carioca preocupada.
- Não, tudo bem, só preciso me deitar, são as dores fantasmas. - Mentiu Beca, apontando para a perna.
- Oh, ok. Eu te ligo amanhã para saber se está melhor. - Respondeu Raquel.
- Tudo bem. Obrigada pelo convite, feliz natal! - Estimou Beca à Raquel.
- Você também. - Retrucou Raquel, com ar penoso.
Quando Beca subiu para o seu quarto no hotel, tirou o celular da bolsa para verificar se tinha alguma ligação perdida de Ian, em qualquer outra situação, haveria talvez até três chamadas não atendidas e algumas breves mensagens carinhosas e preocupadas com a garota, mas não hoje, não desmaiado como ele estava, sem ao menos saber onde dormira. Beca ligou para o celular do namorado uma única vez, até que a secretária eletrônica atendeu e ela optou por desligar, por fim, deixara apenas uma mensagem de "boa noite" e "espero que tenha se divertido" e ela estava sendo sincera. O peso daqueles olhares indiferentes sobre ela haviam sido maiores do que ela gostaria de admitir e os reflexos sentidos até mesmo na hora de tirar o traje de gala em troca da confortável camisola de seda amarela. Beca estava desnorteada e acabara se desequilibrando e caindo da cadeira ao tentar alcançar o creme que o serviço de quarto sem querer colocara numa altura complicada para a garota. Parecia que Beca precisava voltar a acreditar que aqueles olhares de desprezo não eram para ela e isso só seria possível, alcançando o creme. Não poder alcançá-lo doeu mais do que a própria queda, Beca chorou e pela primeira vez, odiou ser uma paraplégica.
...
Ian fora acordado pelo latejar incessante da sua cabeça e totalmente sem equilíbrio nos pés, pelo que saiu cambaleando e direto para o banheiro, pois o estômago ainda precisava expulsar o mal estar gerado na noite anterior. Ian tentava reconhecer o local, mas isso não aconteceria, só depois de sair do banheiro percebera que estava apenas com uma samba canção, o que lhe fez despertar totalmente e procurar pelo resto de sua roupa.
Ele foi encontrar sua camisa xadrez na porta da sala e a calça jogada num sofá de dois lugares, perto da janela.  No sofá do lado, de três lugares, havia uma moça que Ian não soube dizer se estava morta ou dormindo, até que finalmente percebeu que respirava, mas ele optou por não olhar muito, já que a garota estava vestida apenas com roupas íntimas. Os cabelos louros e lisos estavam jogados sobre seu rosto, mas Ian reconheceu ser a mesma garota que gritara seu nome enquanto falava mais cedo com Beca ao telefone; "Beca!" Lembrou Ian. Depois de correr pela casa a procura de sua calça, Ian finalmente a encontrara embaixo da garota do sofá. "Aí meu Deus, que foi que você fez, Ian?" Perguntou-se o garoto petrificado diante da cena da jovem semi nua deitada em cima da sua calça.
- Aí está você! - Gritou Fábio, saindo de algum lugar que Ian não soube identificar.
- Ai, fala mais baixo. - Pediu Ian, levando as mãos à cabeça que continuava latejando.
- Ressaca, hã? - Disse Fábio. - Primeira vez? - Perguntou Fábio, indo até a cozinha.
- Sim. - Respondeu Ian deslocado.
- Toma, bebe isso que vai te fazer bem. 
Fábio colocara uma aspirina num copo com água que rapidamente começou a ferver no copo, Ian virou em três grandes goladas.
- O que aconteceu? - Perguntou Ian nitidamente sem memória.
- Então não se lembra? - Perguntou Fábio com um largo sorriso.
- Não... - Respondeu Ian receoso.
- Aquela garota estava totalmente na sua, garoto! - Informou Fábio.
- A gente...? - Ian não tinha coragem de terminar a pergunta, mas receava pela em ouvir a pior resposta.
- Olha, bem que Ketty tentou. - Disse Fábio. - Mas só o que conseguiu foi um beijo muito do forçado e aí você fugiu e ela caiu no sofá.
- Como não me lembro de nada disso? - Perguntou Ian abismado.
- Nunca, aceite bebida de estranhos. Sua mãe nunca te ensinou isso? - Respondeu Fábio, se divertindo com o estado do colega.
- Eu beijei outra garota...que droga! - Pensou Ian, desapontado consigo mesmo.
- Cara, você foi beijado, muito a força, isso depois de ter sido drogado. Relaxa, Beca vai entender.
Depois de muito custo, Ian finalmente conseguiu retirar a calça debaixo de Ketty, se esforçando ao máximo para não olhá-la naqueles trajes, mas era impossível, já que sua calça estivera totalmente por baixo de Ketty.
Uma chamada perdida
- Alô Beca? - Disse Ian quando a garota o atendeu. - Oi meu amor, me desculpa não ter te atendido ontem.
- Você está bem, Ian, parece agitado. - Perguntou Beca.
Já era perto do horário do almoço, Beca estava começando a organizar as malas para viajar no começo da noite.
- Eu, agitado? Ah, não! É que acabei dormindo demais e não queria ter perdido sua ligação. - Omitiu Ian. - Como você está? Como foi ontem?
- Foi tudo bem. - Mentiu Beca, preferi voltar cedo. - O que vai fazer amanhã durante a tarde? - Perguntou Beca desconversando.
- Hum, Fábio me chamou pra jogar basquete com uns amigos, eu disse que não sabia, mas ele insistiu que eu fosse. - Respondeu Ian.
- Que tal ir me buscar no aeroporto? - propôs Beca.

Capítulo 17 - Natal - Parte 1

Raquel levara Beca para lugares incríveis, o Teatro Municipal com uma arquitetura magnífica, de olhar para cima e contemplar a criatividade que o homem pode ter para fazer e restaurar prédios. Mas,  a subida ao Pão de Açúcar certamente fora o melhor momento para Beca, que a fez voltar no tempo e lembrar de sua infância com Ian, quando o garoto empurrava sua cadeira, fazendo seus cabelos dançarem ao impulso do vento. Beca sempre gostara da sensação de liberdade e de alturas, um leve sorriso apareceu quando sentiu a brisa do lugar tocar sua face e trazer uma leveza em seu corpo.
- Tu gostou da vista? - Perguntou Raquel, com o típico sotaque carioca.
- É incrível! - Disse Beca, voltando a realidade. - Muito obrigada por me trazer aqui!
- Foi nada! - Respondeu Raquel descontraída. - E me diz, onde tu vai passar esse fim de ano? - Perguntou a carioca.
- O natal passarei por aqui mesmo. No ano novo, consegui antecipar a passagem, acho que dessa vez conseguirei fazer uma surpresa pro Ian. Ele espera que a gente se encontre apenas no dia primeiro. - Explicou Beca.
- Caracas, ele vai amar, tenho certeza. Pode deixar que fico de olho se ele também mudar a passagem. - Afirmou Raquel. - Bom, estão você é minha convidada para o natal, meus pais sempre oferecem uma grande ceia, você só precisa do traje. Eles são do tipo, vestidos longos e smokings. - Completou.
- Humm, acho que precisarei de um vestido, neste caso. - Respondeu Beca.
- Sem problemas, adoro fazer compras e de quebra, tu vai conhecer o passeio predileto de nós mulheres, haha.
 Alguns poucos dias depois, Beca estava terminando de se arrumar, quando seu celular tocou, era Ian.
- Oi meu amor! - Disse Beca, cheia de mimos com Ian.
- Feliz natal, linda! - Respondeu Ian.
- Feliz natal pra você também! Onde você está? Que barulho todo é esse? - Perguntou Beca.
- Fábio me trouxe para algum bar, em algum lugar aqui da cidade. Espera, vou sair para conversarmos. - Gritava Ian. - Pronto, agora posso te ouvir também.
- Pelo jeito estão se divertindo. - Comentou Beca.
- Bom, talvez Fábio não seja tão ruim quanto eu pensava, eu também conheci mais alguns amigos. - Admitiu Ian.
Nos dias anteriores Fábio ajudara Ian pelo menos para sobreviver, mas sempre que podia também estava presente para levar o novo colega para conhecer Boston. Aos poucos, Ian acabou deixando de lado o ciúme e começara a curtir mais as férias e já tinha se enturmado com os amigos de Fábio.
"Vem Ian! Você ficar de fora!" Gritou uma voz no fundo. O português era bem enrolado, mas dava para entender que uma garota americana o apressava.
- Quem é a garota te chamando? - Perguntou Beca intrigada.
- Eu a conheci hoje, veio com a turma. - Explicou Ian, sem reparar no tom de Beca.
Que Ian sempre demonstrava mais suas emoções que Beca era fato incontestável, mas o garoto também conseguia ser desligado para coisas simples e mesmo sem perceber, ele estava dando menos atenção do que deveria à Beca e com um agravante: uma garota desconhecida estava gritando seu nome ao fundo. Beca dera uma esmorecida do outro lado da linha, não por achar que Ian pudesse traí-la, isso seria a primeira preocupação de qualquer outra garota, mas para Beca, era a suposição de que o namorado estava desfrutando de uma vida que nunca poderia desfrutar com ela, pelo menos assim Beca sempre acreditara ser. Talvez isso realmente fosse uma aventura que Ian estava descobrindo gostar, mas em nenhum momento que esteve com Beca, esse tipo de curtição fora reprimido, os dias com Beca sempre foram muito bem vividos e amados , mas talvez agora ele estivesse percebendo o quanto gostava dessa liberdade e agitação que a vida jovial poderia lhe proporcionar.
- Bom, eu preciso ir, daqui a pouco o motorista da Raquel passará e ainda não terminei de me arrumar. A gente se fala depois. - Disse Beca, sentindo-se um pouco desconfortável.
- Tá bom! Divirta-se! - Disse Ian sem questionar, o que aumentou a frustração de Beca.
Foi o tempo de Beca desligar o celular e o telefone do seu quarto tocou, era da recepção, informando que o motorista que à levaria até a casa dos pais da Raquel havia chegado. Beca vinha de uma família de dinheiro, mas eles não faziam o tipo que ostentava a riqueza, quando morava em São Paulo, vivia numa casa confortável e uma boa escola, mas nada que vissem a necessidade de demonstrar publicamente para a vida alheia, por isso havia insistido para Raquel de que iria de táxi, mas a carioca insistiu que disponibilizaria o motorista da família. Na verdade, olhando para Raquel, claro que se via muita beleza na carioca, mas ela tinha o típico perfil de filha rebelde da família milionária, ainda assim, tinha seus limites e por isso insistira para que Beca utilizasse o motorista da família, o que fazia Beca sentir-se um pouco desconfortável do que esperar desse natal atípico.
Beca se olhou mais uma vez no espelho não para ver como estava, na verdade queria ganhar tempo, ou encontrar o ânimo que havia perdido para a noite de natal, algo lhe dizia que a noite seria no mínimo sem graça.
Quando o carro em que estava se aproximou da casa de Raquel, Beca deu uma respirada fundo e entendeu porque estava tão apreensiva. O carro fez a curva para entrar num condomínio fechado, que desde a portaria esnobava uma elegância maior do que a frente da sua própria casa, a portaria devia ter o tamanho de uma casa de dois quartos espaçosa, pintada num tom nude, com pilares enormes separando o lado de entrada e saída de veículos, do lado de fora, dois seguranças com escutas ficavam parados, apenas observando a movimentação da rua. Pessoas ricas tendem a intimidar e Beca, apesar de sempre ter lidado bem com pessoas e seus atos egoístas, não gostava de ter que enfrentar ricos esnobes e cheios de si mesmos. "Meu Deus Ian, onde eu fui me enfiar?" Pensou Beca olhando pela janela e tentando enxergar o limite dos pilares.
Na entrada da casa, havia alguns convidados chegando também em seus carros luxuosos, todos com motoristas. As mulheres desfilavam joias e diamantes e vestidos longos cintilantes, enquanto os homens, a fineza dos smokings e gravatas borboleta. Nem as crianças escapavam, vestidos e mini smokings perfeitamente alinhados no corpo e o andar acusava que provavelmente passavam por aulas de etiqueta para se comportarem nesse tipo de ocasião. "Não dou dez minutos até ver essas crianças descabeladas, correndo por essa mansão." Comentou Beca, consigo mesma.
- Beca, que bom que finalmente chegou! - Disse Raquel, vindo recebê-la. 
Beca apenas forçou um sorriso de simpatia, sabia que Raquel era inocente de seus pressentimentos para aquele natal. Ela ajustou o vestido para sair do carro e sentar-se na cadeira, não queria que ninguém a carregasse, isso era algo muito íntimo. Raquel apenas ficara segurando a cadeira para que ela não se afastasse de perto do veículo. Beca percebera alguns olhares em sua direção não muito confortáveis, mas decidiu ignorar, esta noite ela teria que exercer todo seu lado artístico para conseguir passar incólume.
- Desencana desse povo, Beca! É o que eu faço. - Disse Raquel, percebendo o desconforto da colega com os olhares tortos em sua direção.
A fachada da casa estava toda iluminada por pequenos piscas piscas branco, o que deixava com aspecto de ser uma casa feita de pérolas. No interior, o piso era todo bem claro, na verdade todo o ambiente era em tons bege e branco com objetos em preto e vermelho, tornando o contraste vivo e notório por todo o ambiente. Depois de passar pelo corredor, via-se uma escada à direta, que dava para o segundo andar, onde certamente ficavam os quartos. Foi preciso correr todo o corredor até chegar nos fundos da casa, com um gramado num verde perfeito e uma tenda exibindo a mesa com o cardápio de entrada daquele jantar.
...
Enquanto isso em Boston, Ian desfrutava da melhor noite da sua vida, o rapaz nunca havia pernoitado antes, nem mesmo quando adolescente, sempre se atentou para o toque de recolher que os pais estipulavam, não que eles fossem rigorosos, apenas colocavam limites. Ian conheceria em breve o que era sofrer por enxaqueca. O que começara com um copo de shopp, fora aumentando e as bebidas mudando. Como boa parte dos bêbados de primeira viagem, logo Ian estava totalmente fora de sim, passando mal e precisando ser carregado de volta para a casa, o problema, é que não foi para a sua, ou bem dizendo, para a casa da Beca que ele fora levado.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Capítulo 16 - Amiga Carioca

Se é possível resumir Ian e Beca numa única palavra com certeza é singularidade.
...
Fábio ficara alguns instantes sem nada dizer após o comentário de Ian.
O garçom parou com uma pequena caderneta na mão direita e caneta na esquerda, pronto para coletar o pedido dos rapazes. Fábio falou alguma coisa que Ian entendera apenas como sonoros enrolados, mas interpretou que o colega havia pedido que o garçom voltasse dentro de instantes, já que o garçom fez cara de enervado e saiu sem ao menos um aceno de concordância com a cabeça, mas os rapazes pouco se importaram, Ian estava ocupado demais esperando a reação de Fábio e também tentando se conformar com as férias nada românticas que insistiam em vir lhe cutucar a memória e Fábio, bom, Fábio estava tentando reagir a novidade que o colega acabara de lhe contar.
- Caracas Ian, você ia propor casamento à Beca! - Reforçou Fábio.
- Sim, eu ia. - Concordou Ian, mexendo e remendo o jogo de xadrez da mesa.
- Poxa cara, eu realmente sinto muito.
- Tudo bem.
- Espero que você não desista! - Disse Fábio.
- Você já amou, Fábio? - Perguntou Ian, se inclinando para frente, com os braços apoiando-se na mesa.
- Bom, amar é uma palavra muito forte, já gostei! - Ponderou o rapaz.
- Gostar é o princípio do amor, portanto, tão forte quanto. Se o gostar persistir, então você amou, se não, foi apenas empatia. - Avaliou Ian. - O que sinto por Beca é exatamente o gostar, gosto de amá-la, como gosto de dormir! - Disse Ian. - E quem não gosta de dormir? Amar Beca é isso, é um descanso pro meu coração. Enfim, meu caro colega - disse Ian se ajeitando na cadeira - pode ter certeza que não desistirei!
Ian apesar de ter crescido nunca perdera sua essência, um estilo que o tornava singular, a sinceridade nas palavras, nos sentimentos, sem se importar em se expor, em questionar e ainda assim manter-se sempre tão firme com suas verdades, como o amor que sentia por Beca. Ao mesmo tempo em que as vaidades do mundo o confrontavam e ele buscava entender o porquê de tais atitudes e por vezes se frustrar com as pessoas, Ian nunca deixara de manter a fé nas pequenas atitudes que tiravam sorrisos, abraços e gentilezas. Então, não, ele não desistiria de Beca.
...
Na manhã seguinte, logo cedo, Beca acordara renovada da viagem com planos de conhecer os amigos de Ian e decidiu ligar para o rapaz afim de conseguir alguma informação de quem poderia conhecer.
De: Ian
Para: Beca
Beca!!! Sai para jantar ontem com o seu colega e acabei deixando o celular carregando. Quase dei um jeito de voltar no mesmo momento que li sua mensagem, ai destino "desgramento"!!!
Ps.: Precisamos conversar mais sobre a beleza do seu amigo!

- Alô? - Ian atendera o celular ainda zonzo de sono.
- Bom dia!!! - Disse Beca toda alegre do outro lado.
- Que horas são? - Perguntou o rapaz confuso.
- Cedo meu amor, muito cedo.
- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou Ian.
- Sim! - Respondeu Beca. - Preciso conhecer seus amigos, preciso que me ajude, como eu te ajudei.
- Eu não vou te apresentar para os meus amigos! - Retrucou Ian indignado.
- Claro que vai! Eu te apresentei o Fábio, ué! 
- Acredite, eu não estou agradecido em conhecê-lo! - Respondeu o garoto.
- Anda Ian, alguém? - Insistiu Beca.
- Você devia ter ido para a casa dos seus pais, isso sim! - Disse Ian se levantando. - Bom, minha amiga Raquel está na cidade, na verdade ela é carioca.
- Amiga né? - Retrucou Beca em tom sarcástico. - E você achando ruim do Fábio!
- É diferente. - Retrucou Ian gaguejando.
- Ah, claro, isso é o que veremos. - Disse Beca. - Queria conhecer o Rio, será que ela topa um passeio com uma cadeirante?
- Raquel é incrível, tenho certeza que ela vai te adorar. - Respondeu Ian. - Vou falar com ela.
- Incrível, hã? - Repetiu Beca, não muito satisfeita. - Ok, estou aguardando sua amiga incrível.
- Até parece que você está com ciúme, não faz seu estilo. - Brincou Ian.
- Quem disse que estou com ciúmes? - Perguntou Beca. - Preciso desligar, meu café da manhã chegou.
- Olha só você, saindo pela tangente! Ok, te aviso se ela irá aí hoje. Beijos.
Algumas horas mais tarde o telefone do hotel toca e a recepção avisa Beca de que Raquel a aguarda no saguão. Beca já estava pronta, pouco tempo depois de falar com Ian, o rapaz lhe avisara por mensagem de que Raquel havia amado a ideia de conhecer Beca e as duas combinaram de conhecer alguns locais históricos da cidade. 
Raquel estava sentada no sofá que ficava de frente com a recepção, quando Beca à viu, pensara estar de frente com uma dessas rainhas de escola de samba, o corpo escultural, de fazer qualquer homem torcer o pescoço, pele morena jambo, cabelo liso escuro e um belo par de olhos verdes, Beca acabara de entender o incrível de Ian. "Seria melhor ele ter mentido que não tinha nenhum amigo na cidade" pensou Beca.
- Você deve ser a Beca! - Disse Raquel, abrindo um sorriso de garota propaganda de pasta de dente.
- Prazer conhecê-la! - Disse Beca.
A diferença de Beca para Ian no quesito ciúme, é que Beca era atriz digna de oscar, enquanto Ian, nem como árvore poderia contracenar. 
- Ian me disse que você quer conhecer o Rio de Janeiro, serei sua guia turística nos próximos dias!
- Maravilha! Vamos? - Perguntou Beca.
De: Beca
Para: Ian
Garota incrível, né? Temos muito o que conversar!
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