quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Capítulo 19 - A Proposta

"O amor certamente mudou o meu caminho. Case comigo, hoje e todos os dias."
(Train - Marry Me)
...
Ian continuava petrificado no meio da sala e apesar de Beca o chamar por duas ou três vezes, resolveu dar um tempo para o rapaz processar a novidade que acabara de compartilhar. O rapaz encarava a garota semi nua desmaiada no sofá, a casa desconhecida e tentando domar a dor de cabeça que coincidentemente ganhara força com a novidade. Em qualquer outro momento dessas férias, ouvir Beca dizer que estava voltando dias antes do planejado e assim teria gerado uma reação imediata de euforia. Beca sabia portanto, que este silêncio não poderia ser algo bom.
Não era o melhor dos momentos que Beca enfrentava e pra dificultar, ela não estava sabendo enfrentá-los com a mesma maturidade de sempre. Enquanto o silêncio de Ian perdurava, a imaginação de Beca começou a imaginar o que poderia estar passando pela cabeça do rapaz: "ele não gostou da surpresa", "ele está arrependido de ter vindo me ver" e a pior de todas as ideias: "algo de muito bom lhe aconteceu na noite passada e eu só vou atrapalhar voltando antes"
- Ian! - Chamou Beca, dessa vez com mais firmeza na voz.
- Oi! - Respondeu Ian, saindo do estado de transe. - Desculpa, a ligação está ruim - mentiu o rapaz - você chega essa noite?
- Sim! - Confirmou Beca.
- Que notícia maravilhosa! - Disse Ian, pouco convincente.
- Tem certeza? - Perguntou Beca. - Você não parece muito feliz com a surpresa.
- Que besteira, é claro que estou. - Reforçou Ian. 
- Então, nos falamos mais tarde, pessoalmente. - Certificou-se Beca.
- Mau posso esperar. - Completou Ian. - E...Beca! Eu te amo! - Disse o rapaz.
Beca deu um sorriso do outro lado da linha e apenas se despediu de Ian. A garota entrara numa zona de defesa e até rever Ian, ficaria naquela bolha até que voltasse a sentir-se segura novamente para expor seus sentimentos. Era uma volta no tempo, como a vez em que estava na cozinha com a sua mãe e preferia mentir a ter que admitir que gostava do garoto mais do que um simples amigo. Por um instante Beca até pensara em desistir da passagem e manter o plano original de voltar apenas depois da virada do ano, mas sabia que precisava encarar a situação, fosse ela o que fosse.
"Beca está chegando" pensou Ian.
- O que foi cara? - Perguntou Fábio, vendo o colega atônito.
- A Beca, disse que chega essa noite. - Respondeu Ian, pasmado.
- Aqui? Tipo, ela está voltando, cara? - Perguntou Fábio confuso.
- Como é que eu vou explicar essa noite pra ela? Nem mesmo eu sei o que aconteceu.
- Cara, relaxa, ela nem precisa saber. - Aconselhou Fábio.
- Não, eu nunca menti pra Beca, ela me conhece. - Ian recusou veemente a ideia de Fábio.
- Bom, você que sabe. - Concluiu Fábio indiferente.
- Vou nessa. Depois a gente se fala.
Fábio acompanhou Ian até um taxi, já que o rapaz se quer sabia que casa era aquela, quem dirá conseguir voltar para casa sozinho. A cabeça teimava em latejar sem pausas, o que tornava mais complicado refletir sobre qualquer coisa, mas Ian definitivamente havia percebido que Fábio seria um colega distante, que pouco se importava com compromissos, dar ouvido aos conselhos do rapaz sobre esconder de Beca a noite anterior estava fora dos planos de Ian, ele só não sabia exatamente como fazer.
Em algum momento, a tranquilidade parece perceber o quanto precisamos dela e ela se manifesta de alguma forma, no caso do Ian, veio como melodia no rádio do taxista. Qual era a chance de tocar uma música brasileira numa rádio na cidade de Boston? Quando se trata de Ian e Beca, tudo era possível; o som dos Tribalistas começou a crescer e ganhar mais sonoridade no ambiente, fazendo Ian soltar uma alta gargalhada que até o taxista estranhou, mas o rapaz nem ligava.
...
Horas mais tarde...
Com muito custo, Ian conseguiu explicar ao taxista que queria chegar ao aeroporto, o garoto estava duas horas adiantado, mas não queria correr o risco de perder a chegada de Beca. Na sala de desembarque, Ian parecia inquieto enquanto os minutos se findavam, a tela acima de sua cabeça já informava que o desembarque dos passageiros havia encerrado, a qualquer momento, Beca cruzaria a porta automática em sua direção e o rapaz já não se lembrava, pelo menos por aquele instante, das travessuras que aprontara na noite anterior. Havia muita expectativa entre as pessoas ao seu redor que também aguardavam algum conhecido para passar a virada de ano, era quase que uma lugar onde a saudade era trocada por reencontros e ali mesmo outra hora cravava nos corações que partiam novamente.
Quando Beca cruzou o corredor em direção à Ian, seus olhos instintivamente se encheram de lágrimas, ver o rapaz era como sentir a brisa do vento no rosto novamente, Ian tirou um pequeno buquê de Tulipas coloridas, em cores vibrantes que havia escondido até que Beca se aproximara mais. Até as flores pareciam sorrir com a aproximação do casal.
- Beca! - Disse Ian, abrindo um sorriso tímido, parecendo a vez que o rapaz a viu no vestido de formatura.
Não importa quantas vezes os dois se vissem, Ian sempre olharia para Beca como quem acabava de descobrir o amor.
Ian se ajoelhou em frente à Beca, que o olhava com bastante firmeza, sem saber exatamente o que pensar a respeito, ele descansou a cabeça no colo de Beca e ela sorriu, pousando as mãos nos cachos de Ian. Depois de um tempo em silêncio, Ian voltou a olhar para Beca e finalmente falou:
- Casa comigo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Curtiu? Fique a vontade para comentar e volte sempre!