terça-feira, 27 de outubro de 2015

Capítulo 14 - Vogue

"Good luck" disse o sarcástico taxista depois de deixar Ian no endereço que Beca lhe informara.
...
- É, acho que precisarei de muita sorte mesmo! - Respondeu Ian consigo mesmo, já que o motorista já havia sumido de vista.
Aos poucos o rapaz foi recuperando a sanidade, o que nessa circunstância não era lá grande coisa, já que seu cérebro voltara a funcionar e processar a situação complicada em que havia se metido: passarei o natal num país estranho, de língua desconhecida e o pior de tudo, bem longe da Beca.
...
Beca ainda não havia parado de rir, se quer conseguia disfarçar o descontrole emocional, fazendo com que as pessoas a sua volta lhe dessem uma olhada de estranheza. Ela estava com a mala no colo e conduzindo sua cadeira de rodas motorizada para a parte de fora do aeroporto, em direção à um táxi, mas fez uma pausa para discar a última chamada e retomar a ligação de Ian.
- Hey! Está melhor? - Perguntou Beca, ao ouvir o "alô" do rapaz.
- Eu estou ferrado, Beca, estou muito ferrado mesmo! - Respondeu Ian com cara de apavorado.
Foi impossível Beca tentar controlar o ataque de risos novamente, deixando Ian boquiaberto com a falta de compaixão da garota.
- Você está rindo? Sério, Beca? - Continuou Ian inconformado.
Beca continuava descontrolada com seu acesso de risos e acabou não demorando muito até que Ian cedesse ao fato no mínimo cômico em que se encontravam.
- Eu não acredito na proeza que conseguimos. - Disse Beca, ainda tentando se recompor.
- Beca, eu não sei se quer pedir água em inglês. Eu tô ferrado! - Retrucou Ian, dando ênfase na última afirmação.
- Relaxa, tenho um amigo brasileiro aí, ele vai te socorrer. - Respondeu Beca.
- Amigo? - Perguntou Ian sismado. - Você nunca me falou que tinha um amigo brasileiro aqui.
- Eram muitas novidades, não dava pra falar tudo de uma vez. - Explicou Beca.
- Hum, tá. - Respondeu Ian, pouco satisfeito com a explicação da garota. - Qual o nome dele, como ele é?
- Fábio e é bem bonitão para ser honesta. - Respondeu Beca, nitidamente satisfeita em perceber o tom ciumento de Ian.
- Você sempre brincando  comigo, Maria Rebeca. - Respondeu Ian, tentando descontrair, mas ainda incomodado por haver outro cara na vida de Beca.
Ian nunca fora o tipo de namorado ciumento ou grudento, mas, como desde pequeno esperava o melhor das pessoas, assim como ele as via, temia que esse tal de Fábio poderia ser quem sabe outro cara legal e facilmente se apaixonaria por Beca e por que não, Beca por ele? Beca já era mais desapegada e demorava a perceber alguma coisa que os outros percebiam antes, mas Ian era para ela um livro aberto, Beca reconhecia o humor do rapaz apenas num olhar, ou numa ligação a distância, mas com Fábio, Beca nunca havia reparado se havia algo mais e também não estava preocupada em encontrar outro amor. Ian era suficiente, sempre seria.
- Deixa de besteira, Ian, Fábio é apenas um amigo e é bom você se acostumar, você precisará e muito da ajuda dele. - Respondeu Beca, tentando tranquilizar o rapaz.
- Quando você volta? - Perguntou Ian, ignorando o conselho de Beca.
- Dia 2 de Janeiro. - O Projeto que estou participando já terá retomado as pesquisas, o pessoal não quer perder tempo. - Explicou Beca. - E você?
- Dia 1. - Respondeu Ian, num tom de desapontado.
- Olha aí, teremos pelo menos algumas horinhas juntos! - Celebrou Beca.
- Não será o suficiente. - Retrucou Ian.
- Nunca será suficiente, por isso é amor! O amor sempre pede mais, Ian! - Justificou Beca.
Não há algo mais contraditório do que o amor, quanto mais o temos, mais queremos ter, mais queremos ser saciados e também compartilhar. Sempre queremos demonstrar para a outra pessoa o quanto ela é especial e ainda assim ele consegue ser suficiente para completar sorrisos e trazer paz.
- Eu também te amo! - Respondeu Ian. - Mas agora eu preciso desligar, essa ligação vai lhe custar muito. - Lembrou o rapaz.
- Tudo bem. Se o telefone fixo tocar, atenda! - Recomendou Beca. - E Ian, tenta curtir as férias. - Completou Beca.
- Onde você ficará? - Perguntou Ian, lembrando que Beca estava sozinha em solo carioca.
- Num hotel perto do Leblon. Te amo. - Respondeu Beca, se despedindo.
Que a família de Beca era rica, Ian já sabia, sua vida universitária e econômica que o fez se esquecer o quanto.
Ian explorou a casa de Beca, fazendo um reconhecimento de território. Beca dividia a casa com mais uma colega francesa, que também estava viajando, o que significava que a casa era toda do rapaz. A casa era térrea, para facilitar a locomoção de Beca, toda de carpete, com dois quartos, um de frente ao corredor que ligava com a sala e outro na lateral, esse era o de Beca. A cozinha não tinha diferença da arquitetura americana, um balcão dividindo os ambientes, mas com armários todos baixos, também adaptados para ajudar Beca na hora de fazer as refeições.
Ian levou a mochila até o quarto de Beca, a cama minunciosamente arrumada, nada havia fora do lugar, sequer um chinelo, Beca podia ter uma personalidade descontraída, mas era extremamente perfeccionista e gostava de tudo milimetricamente organizado; "eu tô ferrado" pensou Ian, ao analisar o ambiente, o rapaz desde sempre, fora um furacão, por onde passava, deixava seu rastro de destruição, roupas, meias e cuecas, todas jogadas pelos cantos.
Depois de algumas horas, a campainha tocou, Ian estava sentado no sofá da sala, tentando achar algum programa de tv com legenda, ou ao menos uma novela global, que lhe suprisse a abstinência pelo velho idioma. O rapaz parado na porta, era mais alto que Ian, cabelo liso castanho, corpo atlético, parecia modelo capa de revista para a Vogue. 
- Pois não? - Disse Ian, ao ver o rapaz.
- Ian? - Perguntou o rapaz.
- Sim. Você é o Fábio? - Perguntou Ian, incrédulo. Beca não mentira quando afirmou sobre a beleza do rapaz.
- Beca me disse que você estava precisando de um socorro. - Sorriu o rapaz com simpatia.
- Ela é uma exagerada. - Disfarçou Ian. - Entre.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Capítulo 13 - Surpresa!!!

Sim, a vida nos prega peças e esquece de perguntar se gostamos do gênero "surpresa".
...
Quando as férias finalmente chegaram, Ian havia planejado uma viagem surpresa, ainda que de classe econômica para Cambridge, Massachussets, onde Beca residia atualmente. Embora demasiado nervoso por ser sua primeira viagem longa de avião e noção zero da língua estrangeira, o rapaz estava deveras animado por finalmente poder rever a amada pessoalmente. O que ele não sabia, é que o destino ao tentar ajudar o casal, promoveria o maior desencontro amoroso de todos os tempos, Beca também havia planejado fazer uma surpresa ao rapaz e desembarcaria no Rio de Janeiro na mesma data que Ian estaria de chegada aos Estados unidos. 
...
23 de Dezembro de 2015, 19h45, horário de Whashington.
Ian está com uma mochila de aventureiro pregada em suas costas, olhando a correria dos passageiros desembarcando e abraçando seus familiares, sem fazer ideia de como se quer, perguntar onde pode fazer uma ligação. Tudo o que ele tinha ao seu favor, era um papel com sua letra torta o qual escrevera o endereço de Beca; 
"Boylston St com a Ipswith St 22015"
Ian se quer sabia o que significava aquelas coordenadas, "que endereço mais confuso, por que não pode ser um único nome de rua com o número da casa? Que povo complicado!" "Ok, talvez agora eu deva pedir socorro para a Beca" pensou Ian. A ideia era surpreeender Beca na porta da casa em que estava morando, mas os planos precisariam ser mudados.
Beca estava no Aeroporto Tom Jobim, acompanhada de um profissional da companhia aérea que lhe ajudaria a pegar sua mala na esteira. O aeroporto estava lotado de pessoas chegando de viagem para passar as datas festivas com seus familiares ou amigos. Beca pegou o celular para conferir se havia alguma notificação no mesmo instante em que ele tocou e a foto de Ian aparecera na tela do visor.
- Ian! Adivinha onde eu estou? - Disse Beca com um largo sorriso.
- Eu espero que na sua casa, pra poder me socorrer. - Respondeu Ian.
- Como assim te socorrer? Onde você está? - Perguntou Beca confusa, mas ainda sorrindo.
- Hum...vejamos...aqui no Aeroporto Internacional de Boston, surpresa!!! - Respondeu Ian, nitidamente deslocado.
- Você está de brincadeira, né? - Perguntou Beca boquiaberta.
- Não. E preciso que você venha até aqui me buscar, porque eu nem imagino como explicar para o taxista este seu endereço. - Explicou Ian, olhando novamente para o papel com as coordenadas.
- Ian, eu estou no Rio, eu vim te fazer uma surpresa! - Retrucou Beca ainda sem acreditar no que estava acontecendo.
- Para Beca, é sério, você precisa vir aqui me buscar. - Respondeu Ian, sem acreditar na namorada.
- Ian, eu estou falando muito sério, eu estou saindo da sala de desembarque e pretendia te fazer uma surpresa. - Respondeu Beca pausadamente para que Ian registrasse cada palavra.
Houve um longo silêncio do outro lado da linha...
- Ian? - Chamou Beca uma vez. - Ian, alô, Ian, você ainda está na linha?
- Ahan! - Respondeu Ian abalado. - Beca, eu vou te passar para o taxista, você pode pedir por favor para que ele me leve até algum hotel super barato, por favor.
Ian respondrau à Beca, mas seu poder de raciocínio havia deixado seu corpo cerca de um minuto atrás.
- Ian, preste atenção! - Falou Beca, despertando o rapaz de algum mundo muito distante de tal realidade que estava presenciando. - Eu vou pedir ao motorista que te deixe onde estou morando. Você está me entendendo, Ian? - Perguntou Beca, certificando-se de que o rapaz estava acompanhando sua fala. 
Ian respondia mais com gestos do que com a própria audição, mas Beca pode ouvir um "ahan" ao fundo.
- Há uma chave enterrada na areia do casa - continuou Beca - em frente a porta da casa, use-a para entrar, entendeu? - Perguntou Beca. - Me passe para o taxista. - Eu preciso desligar, estou pegando minha mala, te ligo de volta daqui trinta minutos, ok? - Respondeu Beca, após dar as instruções ao motorista.
O motorista do táxi estranhou o comportamento indiferente do rapaz, mas carregava uma risada de zombaria que devia exibir a todos os turistas que não sabiam falar seu idioma.
- Is your first time here? - Perguntou o motorista, querendo saber se era a primeira vez de Ian por ali, obviamente ele queria testar o nível de conhecimento do rapaz quanto ao seu idioma.
Talvez num momento de sobriedade Ian teria dado uma resposta mais coerente, mas tudo o que pode responder foi: "no, thanks" que na verdade queria dizer "não obrigado". O motorista soltou uma larga gargalhada e ligou o taxímetro rumo, acelerando rumo à casa de Beca.

Capítulo 12 - Correspondências - Parte 2

O correio acaba de deixar uma carta na caixa postal de Ian, o rapaz não se aguenta de euforia ao ver o nome de Beca como remetente.
...
Ian segurava o envelope com um sorriso de triunfo no rosto, o correio havia atrasado as entregas, o rapaz esperava a resposta de Beca havia semanas. Não seria novidade afirmar que o coração de Ian chegava às mãos quando o assunto era sua eterna namorada. Ian não só a amava, mas também gostava de Beca, como quando encontramos aquela amizade a quem tanto queremos bem, era uma cumplicidade, um desejo mútuo de querem compartilhar suas alegrias, de fazer um ao outro feliz e isso era o que mais tornava esse amor tão especial.
Enquanto lia as palavras de Beca, Ian chorava, ria, ficava sério e até torcia a boca numa típica expressão de concordância. Quando terminou de ler, Ian aproximou a carta do rosto, como se pudesse sentir Beca e então descansou o papel sobre a cama e foi em direção à escrivaninha, pegando um caderno e caneta.
Beca, meu amor!
Preciso dizer que esses dias sem notícias foram um verdadeiro desafio, nossos desencontros me deixam a beira de um surto, não poder olhar em seus olhos e ver o brilho desses cachos dourados...ah maldito fuso horário, mas fiquei demasiado feliz quando finalmente chegou sua correspondência!
Começo a pensar que talvez eu seja o lado feminino dessa relação, eu odeio a saudade que venho sentido de nós, de você aparecendo na porta de casa para passearmos, de sentir seu cheiro, de sentir a paz que você me trazia num simples abraço, ou apenas por sorrir...ah seu sorriso, que saudade do seu sorriso e de saber que muitas vezes fui o motivo para tê-los. Sabe que ando até mesmo questionando esses poetas romanticamente incuráveis, que fazem a saudade parecer algo tão lindo...o que tem de lindo nela? Toda vez que a saudade parece me sufocar eu abro a internet e penso em comprar uma passagem apenas de ida até você, mas logo caio na realidade de um estudante universitário sem condições de enfrentar a alta do dólar...mundo narcisista! As coisas deviam ser feitas de amor, compradas por compaixão, com troco em abraços e beijos e não regidas por impostos e corrupções.
Sobre eu me lembrar da época que você ia naquele grupo de apoio à deficientes, lembro sim, na verdade eu nunca falei por medo de você talvez me xingar, eu sabia que você não era muito a favor de frequentar esses grupos, mas eu sempre quis acompanhar uma das sessões, ouvir as histórias que essas pessoas tem para compartilhar é algo que julgo que todos deveriam fazer algum dia. Eu nunca entendi por que as pessoas que se acham tão  perfeitas e agem com  tanta indiferença com as que julgam deficientes, achar-se perfeito é o princípio de uma vida medíocre, penso eu. Mas, isso é um conflito meu, minha mãe costumava dizer que eu sofria mais do que as outras crianças porque eu era um super herói e só via o melhor das pessoas, mas, a verdade é que as coisas são assim. Eu lembro que a primeira vez que eu te vi, te achei, na minha ingenuidade, uma privilegiada por poder andar numa cadeira de rodas, aí fomos crescendo e eu percebi que o sortudo era eu em te ter por perto. Mesmo que a gente não chegasse a namorar, você sempre teria me feito muito feliz, apenas por estar por perto. Mas confesso que na noite da formatura alcancei um pedaço do céu quando percebi que poderia ter mais...Ah como eu te amo Maria Rebeca, minha Bequinha, amo o jeito com que deve estar torcendo o nariz ao ler seu nome composto, amo a maneira como arruma o cabelo num cacho perfeito, amo ainda mais poder desfazê-lo e sentir o perfume do shampoo que ele distribue enquanto balança, enfim te amo e não há distância que possa mudar isso! (suspiros)
Fico feliz com a possibilidade, mesmo que remota, de te ver andando, estarei torcendo daqui!
A partir da próxima semana devo responder com menos frequência as cartas, começaremos uma espécie de competição para ganhar uma vaga em um dos mais importantes escritórios de advocacia do Rio de Janeiro e também as primeiras etapas do TCC, enfim, já estou tentando preparando o psicológico para noites de sono abreviadas e um tempo maior sem contato com você... Ainda assim, será uma grande oportunidade estou bastante confiante quanto às minhas chances, apesar de estar competindo contra outros 345 alunos. Não é só uma oportunidade única de carreira, é uma chance de ouro de entrar como associado numa potência em advocacia. Quase posso me ver de terno e gravata, entrando numa sala de tribunal e defendendo com unhas e dentes os fracos e oprimidos. (risos).
Bom, faltam menos de três meses para o fim do ano e caramba, as passagens estão cada dia mais caras, mas estou louco para ir te ver, tentarei economizar ao máximo.
Até breve.
Não se esqueça do meu amor!

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Divulgação do livro - Eu Vejo Kate

Aê galera!

Hoje é dia de Novidade!

A editora Empíreo em parceria com alguns blogs, está realizando um book tour do livro: Eu Vejo Kate, da autora Claudia Lemes.

Fiquem atentos que em breve terá resenha aqui no blog! ;)




quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Capítulo 11 - Correspondências - Parte 1

Fazem seis meses, sete dias, nove horas e segundos intermináveis desde a última vez que vi o Ian.
...
Querido Ian,
Amei receber notícias suas e saber que o curso era realmente o que esperava. De fato deve ser bastante puxado, fazer Direito em uma das melhores universidades do Brasil imagino que seja um tanto quanto exigente, mas você é inteligente, vai se dar bem.
Ao contrário do que muitos dizem, morar sozinha e ainda em um país diferente não é a melhor das experiências, não que eu esteja reclamando, quer dizer, o pessoal aqui é legal mas, não tem aquele calor humano que os brasileiros tem, sabe? 
Bom, a parte dos estudos está incrível! Poder cursar medicina em Harvard é algo surreal e apesar do meu inglês ser bom, as vezes me pego perdida em uma aula ou outra por causa de tantos termos técnicos. Os estudantes do quarto ano estão desenvolvendo um estudo para pessoas com paraplegia e me convidaram para fazer um experimento, não é incrível?
A ideia de poder voltar a andar é algo que me encanta, confesso. Nunca falamos sobre isso e na verdade não tenho muitos problemas em aceitar minha deficiência, na verdade, as pessoas à minha volta é que parecem ter. E sim, aqui o preconceito é enfático comparado ao Brasil, o que é um dos grandes motivos de eu não achar a vida estrangeira lá essas coisas. Acho que tudo bem no meu caso porque, eu não ando desde sempre, entende? Mas se lembra daquele grupo de apoio que meus pais me fizeram frequentar por um tempo? Eu ouvia algumas histórias de pessoas que tiveram bastante dificuldade para lidar com suas condições, sei lá, fico olhando para a minha vida eu me sinto abençoada, porque, normalmente as pessoas são cruéis com nós deficientes. Não que eu seja imune ao preconceito, eu convivo com isso desde sempre, uma simples ignorada que alguém pratica na rua, mesmo me vendo tendo alguma dificuldade, já demonstra que a indiferença é real. Claro que existem pessoas que querem ajudar, mas tem receio de serem interpretadas mal, graças àqueles que não querem, ou não sabem lidar com um mínimo de dependência que a sua condição exija. Mas sei lá, todo mundo é limitado, deficiente ou não. Pessoas precisam de pessoas, bom, isso é o que eu acho.
Teve uma história que jamais esqueci, era de uma mulher, o nome dela era Maria Clara, ela deve ter uns trinta e cinco anos hoje em dia, mas na época devia ter pouco mais de vinte e cinco. O carro que ela dirigia capotou cinco vezes antes de parar no acostamento, uma amiga que estava sentada no banco traseiro fora arremessada para fora do carro e morreu na hora. A outra colega, sentada no banco do passageiro, teve apenas algumas escoriações e foi quem quem fez os primeiros socorros e ligou para a emergência, Maria Clara teve traumatismo craniano, fraturou costelas, a perna esquerda, perfurou os pulmões, mas milagrosamente sobreviveu. Infelizmente, a pancada na cabeça atingiu uma parte responsável pela visão e a Maria, apesar de inúmeras cirurgias, nunca mais voltou a ver outra vez a luz do dia.
A vida não é incrível? Olha a trajetória numa mesma cena com três pessoas diferentes.
Se formos parar pra tentar entendê-la, vamos deixar de vivê-la.
E sim, está sendo muito difícil sem você, minha melhor companhia.
Com amor,
Beca.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Entrevista com Lucão

Eu fico admirada com pessoas que tornam a nossa vida mais sorridente e hoje eu estou aqui editando essa entrevista com uma satisfação que vocês nem mensuram.

Isso porque, o entrevistado de hoje, é um cara demais de humilde, uma atenção com as pessoas a sua volta, que vivendo nesse mundo de tanto individualismo, dá até pra surpreender.

O Resenhas tá recheado de novos autores gente boa e o de hoje não é diferente, hoje, trago um presentão para vocês, uma troca de ideias com o cara que o nome do seu livro já é um poema, Lucão, do livro de contos:




Sem mais demoras, confira agora a entrevista que o Lucão cedeu ao blog!


Ficha Técnica

Nome: Lucas Cândido Brandão – Lucão

Idade: 31

Cidade natal: Goiânia      

Instagram: @blogdolucao

Facebook/abraobico

Site: http://www.abraobico.com.br/










Lucão, agradecemos demais todo carinho e atenção com o blog e pela entrevista incrível que nos proporcionou.

Desejo de coração muito sucesso, você inspira muita gente!

Tudo de bom!

Curtiram a entrevista? Deixa aí seu recadinho e até a próxima galera!!!

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Capítulo 10 - Singularidades

Há quem pense que o amor nem tudo suporta.
...
As últimas palavras de Beca continuavam ecoando na memória de Ian, a namorada lhe dera alguns segundos para que o namorado processasse a informação.
- Por que você não me contou nada, Beca? - Perguntou Ian incrédulo.
- Para ser honesta eu não acreditei que daria certo, muito menos que seria tão rápido. - Explicou Beca.
- Não achou que ainda assim eu merecia saber? 
- Não queria te tirar do foco dos estudos. Era importante pra você! - Explicou Beca.
- E o quão importante você acha que isso que temos é para mim? - Retrucou Ian.
- Espero que muito e por isso mesmo espero que você me entenda. - Respondeu Beca.
Havia algo impenetrável nas palavras de Beca, que Ian ainda não havia percebido.
- Você tem ideia do quanto já me deu, Ian? - Continuou Beca. A expressão do namorado era como quem estivesse confuso. - Você me deu pernas para uma dança, aliás, você me deu nossa própria música. - Sorriu Beca, referindo-se a noite do baile. - Você me fez perceber de que as coisas são possíveis para mim também, quando eu não me acha no direito de ter. Se você pudesse sentir como me faz feliz. Se pudesse entender o que é sentir o seu beijo. Você me deu singularidades em meio a uma vida tão complexa. Se tem algo que eu possa fazer para retribuir tudo isso...
- Acho melhor você não continuar, Beca, eu não quero ouvir. - Interrompeu Ian.
- Eu quero que você tenha um futuro, Ian! - Continuou Beca.
- Não! - Retrucou Ian, se desvencilhando das mãos da namorada. - Você quer esse futuro e parece que eu não estou no pacote. 
- É claro que eu também quero. Você não acha que eu preferia que você estivesse comigo?
- Você está sendo egoísta, Beca! - Respondeu Ian, com a voz alterada.
- Egoísta? - Repetiu Beca incrédula. - Você sabe o que é ver todos ao seu redor abrindo mão das suas vidas por minha causa? Você tem ideia o que é ver meus pais todos as sextas a noite em casa, só pra cuidar de mim, ao invés de saírem para namorar, ou fazer qualquer coisa que queiram? Sabe o que é olhar para a minha antiga babá e sempre enxergar nela um sentimento de culpa? - Agora Beca havia perdido o controle das lágrimas. - Pela primeira vez, eu posso deixar as pessoas seguirem com seus planos, sem que os meus interfiram, Ian. E sim, estou conquistando alguma coisa com isso também.
Por um momento, mais nada fora dito. O violão do artista começara uma nova canção e sua música parecia correr por toda a praça, até alcançar Ian e Beca.
- Ian! - Chamou Beca com o sorriso adorável de volta no rosto.
O garoto a olhou e sabia o que ela queria dizer.
- Segura firme, Beca. - Disse Ian, levantando Beca da cadeira.
Ian e Beca conheceram a música que embalaria o momento de despedida deles, mas nada tão ousado seria capaz de separar as singularidades que havia entre os dois.
"Pra você guardei o amor que sempre quis mostrar, o amor que vive em mim vem visitar, sorrir vem colorir solar, vem esquentar e repartir." (Nando Reis).
- Beca!
- Oi Ian!
- Eu te amo!
- Eu também te amo Ian.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Entrevista com Camila Deus Dará

Gente, para tudo, larga o livro e chegue mais, porque tem uma entrevista mega ultra blaster massa feita com escritora Camila Deus Dará!

Yeaaaaaah!
Sim, eu estou em festa!

Pense numa pessoa do bem! 

Há uns dias atrás, propus um brinde no meu face pessoal às pessoas fofas desse mundo e eu me referia em especial a talentosa da Camila...haha

Simpática e atenciosa, a autora da trilogia Ninho de Fogo (siim, a prórpria) aceitou responder algumas perguntinhas aqui para o blog e foi incrível!!!

É tanta coisa que ela tem pra passar, que dava vontade de mandar um livro de perguntas, mas eu me contive...haha...

As perguntas foram um pouco mais específicas do que a que vocês tem acompanhado aqui no quadro Novos Escritores, justamente pelo fato da Camila estar fazendo o maior sucesso e ter mais experiência pra compartilhar com a galerinha que quer seguir essa carreira também...tipo eu!

Sem mais demoras...here we go!!!


Ficha Técnica


Nome: Camila Deus Dará
Idade: 25 anos
Cidade Natal: Batatais
Profissão: Escritora
Instagram: @camiladeusdara
Facebook e Youtube: Camila Deus Dará
Página do livro: facebook/ninhodefogo
Blog: http://ninhodefogo.blogspot.com.br/







Conheça um pouco mais sobre o primeiro livro da trilogia Ninho de Fogo - A Mestiça:


Camila, com tanto talento e simpatia que tem, com certeza conquistará muitos leitores!

Desejo todo sucesso para a trilogia Ninho de Fogo e tantos outros projetos que vier a nos presentear!!!


Curtiu a entrevista, deixa um comentário aí e se quiser, você pode ser o próximo entrevistado!

Bjs galera!!!

Resenha - Uma Curva Na Estrada

Fala galera!

Eu fiquei tão envolvida com a história que estou criando sobre Ian e Beca e com o Projeto Novos Escritores que só hoje me dei conta de que o blog de resenhas, ainda não tinha nenhuma resenha...drrrr...e como eu já fiz uma pré resenha do último romance lido do sr. Sparks, resolvi cortar a fita de inauguração com esse cara!

Vamos lá?
Lets go!


Informações relevantes:

Livro: Uma Curva Na Estrada
Autor: Nicholas Sparks
Ano: 2013
Gênero: Romance/ Drama
Editora: Arqueiro
Páginas: 303




Sinopse:

A vida do subxerife Miles Ryan parecia ter chegado ao fim no dia em que sua esposa morreu. Missy tinha sido seu primeiro amor, a namorada de escola que se tornara a companheira de todos os momentos, a companheira sensual que se mostrara uma mãe carinhosa. Uma noite Missy saiu para correr e não voltou. Tinha sido atropelada numa rua perto de casa.
As investigações da polícia nada revelaram. Para Miles, esse fato é duplamente doloroso: além de enfrentar o sofrimento de perder a esposa, ele se culpa por não ter descoberto o motorista que atropelou e fugiu sem prestar socorro.
Dois anos depois, ele ainda anseia levar o criminoso à justiça. É quando conhece Sarah Andrews. Professora de seu filho, Jonah, ela se mudou de Baltimore para New Bern na expectativa de refazer sua vida após o divórcio. Sarah logo percebe a tristeza nos olhos do aluno e, em seguida, nos do pai dele. Sarah e Miles começam a se aproximar e, em pouco tempo, estão rindo juntos e apaixonados. Mas nenhum dos dois tem ideia de que um segredo os une e os obrigará a tomar uma decisão difícil, que pode mudar suas vidas para sempre. Nesta obra, Nicholas Sparks escreve com incrível intensidade sobre as difíceis reviravoltas da vida e sua incomparável doçura. Um livro sobre as imperfeições do ser humano, os erros que todos cometemos e a alegria que experimentamos quando nos permitimos amar.



Resenha:

O primeiro livro do Nicholas Sparks que li foi O Melhor de Mim, que de cara me encantei pela história e acabei devorando o livro em 3 dias. Foi a partir daí que conheci os demais trabalhos do autor porque eu tinha assistido seus filmes que sempre amei, mas não tinha me ligado que era o mesmo cara. drrr²

Com relação a este livro, Uma Curva Na Estrada, eu ensaiei um bom tempo antes de finalmente comprá-lo porque, honestamente, não me senti atraída pela capa, nem pelo título, muito menos pela sinopse, o que realmente me motivou a comprar era a ideia do romance iminente e porque o livro estava em promoção. #confesso hahaha

Bom, o drama principal do livro é que o xerife Miles Ryan é vive uma vida mais ou menos com seu filho e ele é bastante frustrado por nunca ter encontrado o autor pela morte de sua esposa.
O livro parece que vai ficar interessante quando Sarah Andrews (minha xará) entra na jogada, ela é a nova professora do filho de Miles e o jeito que os dois vão se conhecer é...desculpa, IDIOTA, sim, isso mesmo!
Mano, a professora pede uma reunião com o pai, para falar sobre o desempenho escolar do filho que deve ter uns 7 anos de idade. O fato é que o garoto praticamente não sabe ler, nem escrever e o pai não havia reparado nisso, porque estava ocupado demais sofrendo há 2 anos a morte da esposa e lamentando não ter prendido o assassino.

Pára tudo: assim, acredito que deve ser difícil perder a esposa e tals, mas, se passaram 2 anos, o cara não está depressivo (segundo o livro), não a ponto de "abandonar" a vida acadêmica do filho.
Mas, ok, prossigamos...
Até que fica super fofo o romance entre os dois e essa é a única parte legal, realmente do livro.

O problema no geral, são alguns que vejo nas histórias do Sparks:
1 - Uma capa sem atrativos; e
2 - Histórias clichês.

Numa primeira citação diferente durante a história, já era possível prever todo o resto do livro...sem nenhuma surpresa...a história acabou ficando maçante e se sair filme, vai ser bem estilinho Sessão da Tarde.

Enfim, essa foi a minha impressão do livro.
Mas, não deixarei de ler, ACHO, os livros dele, acho que agora é mais pra ter a coleção dos seus romances, do que por ser histórias que UAU. Não, é bem água com açúcar.


Se você for ler o livro e suspeitar de quem atropelou a mulher do cara, chega aí pra gente conversar! haha

Bjs galera!!

Capítulo 9 - Perdas e Ganhos

Ian continuava sem reação, parado à porta, processando as felicitações de Beca.
...
Era natural Ian sentir-se um pouco desnorteado, ele não havia se preparado para receber a notícia de que fora aprovado no vestibular daquela maneira, muito menos com tamanho entusiasmo de Beca.
- Oi! Ah, obrigado! - Reagiu Ian, abraçando a namorada.
- O que foi Ian? Não parece feliz para um futuro juíz! - Brincou Beca.
- Não...sim, quer dizer, acho que eu só não esperava tanto entusiasmo da sua parte. - Respondeu Ian, indicando o interior da casa para Beca.
O mundo em que Beca e Ian viviam era um pouco diferente, se tratando da forma em lidar com perdas e ganhos. Para Beca, o estado de paraplegia era algo que ela conhecia desde sempre e tirando algumas poucas perguntas que mais pareciam curiosidades que Beca fazia aos pais quando mais nova, não havia muito conflito em viver daquela maneira. Os anos ensinaram Beca a dar valor as coisas que tinha pelo tempo que lhe fosse permitido e quando chegasse a hora, ela poderia desapegar sem crise, ou sentimentos de perda.
Apesar de Ian ter se mudado de estado e deixado para trás os coleguinhas de escola e alguns parentes distantes, ele ainda era uma criança na época e tudo era uma aventura, lidar com perdas nunca foi algo que fizesse parte da sua realidade. Ian sempre foi um tipo de garoto que gostava das coisas bem esclarecidas e seus pais, Débora e Luiz sabiam disso muito bem. Quando pequeno, Ian explorou todos os "por quês" que um garoto de cinco anos poderia questionar com os pais. Quanto mais as coisas fossem esclarecidas, mais caía o ritmo das perguntas e assim ele ia compreendendo o sentido da vida. Entender que Beca não podia andar, fora algo que os pais levaram algumas boas semanas para trazer a compreensão do filho. Não fazia sentido no mundinho de ingenuidade de Ian, que sua amiga tivesse pernas e não pudesse movimentá-las.
- Que tal darmos uma volta? - Propôs Beca, apontando para fora.
Ian apenas consentiu com a cabeça.
Os dois pararam na pracinha onde Beca brincava com Julia quando criança. Havia um jovem, tocando violão com seu case aberto, esperando alguma gorjeta em troca do cover que cantarolava para quem interessasse ouvir. Ian e Beca por diversas vezes ficavam namorando ao som das músicas do artista de rua, mas ainda estava muito cedo para alguém gratificar o cantor. Os dois sentaram-se no banquinho em frente ao coreto e por alguns segundos, apenas contemplavam a paisagem matutina, enquanto Ian na verdade, admirava Beca, ele era fã daquele sorriso.
- Para de ficar me olhando, Ian! Eu fico sem graça. - Advertiu Beca.
- Eu passei tanto tempo disfarçando o quanto eu te acho linda, que agora eu quero mais é aproveitar. - Defendeu-se Ian. - Ainda mais porque, ficaremos distantes um bom tempo, não que isso esteja parecendo um problema para você. - Disse Ian.
- Ah, me desculpa se eu não apareci na porta da sua casa ao som de um cortejo fúnebre. Qual é Ian, olha só o que você conseguiu! É lógico que eu estou muito feliz por você! - Disse Beca, encarando o namorado.
- Como você é exagerada, Beca! Eu só me surpreendi por você ter ficado tão feliz. 
- Talvez minha alegria esteja vinculada a mais alguma coisa também. - Confessou Beca, parecendo escolher cada palavra que pronunciava.
- Como assim? - Perguntou Ian intrigado.
- Talvez e só talvez - enfatizou Beca - haja uma chance de eu ganhar uma bolsa para cursar medicina em Harvard. - Concluiu Beca, em meio a caretas de medo pela reação do namorado.
- Harvard? Harvard, Beca? - Exclamou Ian, totalmente perplexo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Capítulo 8 - Corrida Matinal

Beca está em sua cama e parece não acreditar no que aconteceu na noite anterior.
...
O relógio acusa 06h am e Ian já está de pé, amarrando o cadarço do seu tênis de corrida, com sua regata estampada de algum tipo de frase motivacional "no pain, no gain" e um shorts com o símbolo da nike na perna direita. Após ajeitar o fone de ouvidos e soltar o play, fechou a porta da frente de casa e se deixou levar pelo som. Um misto de percussão, talvez carron para ser mais exato e uns dois violões brincando de solos e batidas na introdução da música, até que a voz de Adriana Calcanhoto completara a melodia, fazendo Ian viajar até a noite anterior, fechar os olhos por alguns breves segundos, respirar fundo, como se pudesse sentir o cheiro de Beca e começar a correr, num ritmo cada vez mais forte, quase alcançando o aroma da amada.
Enquanto isso, na casa do meio, Beca decide sair da cama e juntar-se aos pais para o café da manhã. Sua mãe está terminando de aprontar a mesa, enquanto Pedro está sentado na sala, lendo as primeiras notícias do dia no jornal que o garoto joga toda manhã na porta de casa.
- Que horas a senhorita chegou? - Perguntou Pedro ao ver a filha cruzar a sala, rumo a cozinha.
- Bom dia pra você também, papai! - Brincou Beca, ignorando a pergunta do pai.
Apesar de Pedro estar realmente interessado numa resposta à sua pergunta, ele sabe bem que Beca deve estar querendo ter uma "conversa de mulheres".
- Hunf...vou correr um pouco, já já eu volto. - Desencana Pedro, fechando o jornal e saindo para o exercício do dia.
- Filha, conta tudo! - Disse Vivian, ajeitando a cadeira e servindo café para Beca e depois para ela mesma.
- Ah mãe, foi tudo perfeito! - Começou Beca, com os olhos brilhando de alegria.
...
Ian havia alcançado um bom ritmo, quando estava virando a esquina e quase deu um encontrão em Pedro, que vinha correndo na direção oposta.
- Sr. Pedro, me desculpe, eu estava distraído. - Disse Ian, surpreso.
- Não tem problema, somos dois distraídos e eu diria que pelo mesmo motivo. - Brincou Pedro. Ian apenas sorriu. - Quer tomar alguma coisa? - Convidou Pedro, apontando para uma padaria na esquina.
- Claro. - Aceitou Ian, enquanto tentava recuperar a respiração.
...
- Ele me levou até a pista de dança, eu achei que ele estava ficando louco, aliás, todos devem ter pensado a mesma coisa, porque todo mundo parou pra olhar. - Continuava Beca. - Aí ele pediu pra eu segurar firme e então me levantou da cadeira, mãe. Eu achei que eu fosse cair, mas, ele me segurou e a gente dançou a música inteira. - Concluiu Beca.
...
- Vocês devem ter se divertido bastante ontem a noite. - Comentou Pedro, servindo um copo de suco para Ian.
- Nos divertimos sim senhor, Beca é incrível. - Concordou Ian com um sorriso.
- Ela é sim. - Retrucou Pedro. - Vivian e eu nos conhecemos desde sempre, assim como você e Beca. - Continuou Pedro, Ian apoiou os braços na mesa para prestar atenção na história do sogro. - Vivi sempre foi a garota mais cobiçada da nossa turma, mas nunca deu importância para isso. Quase que nem a convidei para o baile, quando chegou a época, eu pensava que algum garoto do futebol já teria feito o convite e ela aceitado. Mas eu resolvi arriscar e para minha sorte, ela aceitou ser meu par. - Sorriu Pedro ao se recordar do episódio. - Nossa, ela estava ainda mais linda, nem dava para acreditar que ela iria comigo. Passei boa parte da noite ensaiando para convidá-la para dançar, precisei até ir dar uma volta, de tão nervoso que estava. Uma das amigas dela me encontrou perto das bebidas e me passou um breve sermão: "você sabe de quem Vivi recusou o convite, só para vir com você ao baile? E agora você a deixa sozinha na mesa?" - Pedro tentava imitar uma voz aguda para interpretar a amiga de Vivian. - Aquela foi a coragem que me faltava para chamá-la para dança e desde aquele momento, não nos separamos mais. - Concluiu Pedro, parecendo sair de um mundo de recordações. - Posso imaginar que o baile de vocês também não tenha ficado apenas na dança. - Comentou Pedro, olhando Ian diretamente nos olhos.
- Sr. Pedro, quero que saiba que eu respeito muito sua filha... - Disse Ian, recompondo a postura e engolindo em seco.
- Relaxa garoto, eu sei que você é um rapaz decente. - Disse Pedro, com um sorriso de pai compreensível.
- Obrigado, sua filha é muito especial para mim. - Disse Ian.
- Ian, você precisa entender que... - Pedro pigarreou antes de encontrar as palavras corretas para o rapaz. - Beca é realmente uma garota incrível, mas, você precisa encarar a realidade na situação dela. Eu não quero ver minha filha sofrendo, também não quero que você acabe se frustrando futuramente, mas... talvez esse momentâneo encanto que vocês estejam vivendo, ofusque a realidade, você me entende? - Perguntou Pedro.
- Sr. Pedro, quando o senhor soube que amava a sra. Vivian? - Perguntou Ian, em meio a um sorriso.
- Ah, foi muito antes do bai... - Pedro não terminou de falar, ele entendera o propósito da pergunta do rapaz.
Ian sorriu, fazendo que sim com a cabeça, como quem ouve exatamente o que desejava.
- Eu nem sei dizer ao senhor desde quando, mas a verdade é que eu amo a sua filha e eu estou completamente e irreversivelmente apaixonado por ela. - Disse Ian, com um largo sorriso no rosto. - E eu não estou nem aí se ela está numa cadeira de rodas! A verdade, sr. Pedro, é que quando eu estou com Beca, eu não vejo rodas, não vejo trajes, não vejo limitações, eu só vejo o quanto ela me faz o cara mais feliz desse mundo e de como eu quero retribuir isso à ela. Cada dia, eu só quero encontrá-la para fazê-la sorrir mais uma vez. - Concluiu Ian.
- Bom, então é mesmo amor. - Completou Pedro, dando uma batidinha nos braços de Ian.
...
- Bom filha, então agora vocês estão namorando? - Perguntou Vivian, cheia de orgulho da filha.
- Ah, não sei mãe...acho que sim! - Disse Beca, encabulada.
...
Alguns dias se passaram e o amor de Beca e Ian só aumentava, Ian se preparava para o vestibular, ele queria ser advogado e quem sabe chegar a ser um grande juíz algum dia. As melhores universidades para o curso ficavam longe da cidade e o casal tentava ao máximo aproveitar o tempo que tinham juntos, até o dia das provas e então seu resultado.
A última coisa que Beca queria, era atrapalhar os estudos de Ian, apesar do tempo corrido, os dois sempre davam um jeito de se ver.
No dia da prova, Ian estava um pouco apreensível, dividido entre o sonho de cursar direito e de permanecer ao lado de Beca, mas sabia que a namorada jamais permitiria que ele abrisse mão da oportunidade de se formar em uma das melhores universidades do país e no fundo ele também sabia que isso seria ruim para o relacionamentos deles futuramente.
Duas semanas depois do vestibular, o site anunciara a lista de classificados, quando a campainha tocou. Era Beca:
- Parabéns meu amor! - Disse a garota, estendendo os braços para receber um abraço do namorado.