segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Capítulo 15 - Reconhecimento de Território

Para Beca, um infortúnio era transformado em desafio e nesse momento, o desafio era aproveitar as férias longe da surpresa que faria à Ian e ela estava se saindo muito bem.
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Não que Beca era insensível, é bom sempre enfatizar essa questão, mas a perspectiva de vida da garota era diferente de outras meninas da sua idade, que normalmente sonhavam com tantas possibilidades na vida, mas em alguns momentos se viam obrigadas a traçar outros planos, porque a verdade é que muito desejamos, mas também precisamos estar preparados para o que a vida deseja de nós e nem sempre essas vontades coincidem. O que acham? Certamente que para Beca as férias ideais era chegar de surpresa onde o namorado estava morando e ver aqueles olhos que expressavam tanta sinceridade lhe dizendo "finalmente". O quanto Ian fazia Beca se sentir a pessoa mais especial do mundo era algo que talvez ninguém consiga mensurar, mas Beca aprendera com as artimanhas da vida que tudo que lhe vier deve ser desfrutado como puder.
"Se a vida te der limões, faça uma limonada." Algum sábio disse por aí.
Enfim, Beca chegara ao hotel que seus pais lhe ajudaram a encontrar para que ela ficasse e apesar deles terem insistido com bastante veemência para que a garota estendesse a viagem para São Paulo onde moravam, Beca optou por agregar novas experiências com os amigos de Ian e curtir a virada de ano na cidade intitulada de "cidade maravilhosa".
Ian por sua vez, encarava o atual amigo capa de Vogue da sua namorada e não conseguia entender como um cara daqueles poderia estar estudando em Harvard, ele poderia estar bombando como algum famoso, galã de novelas, "mas porque eu estou pensando nesse cara de galã?" Perguntava-se Ian, fazendo alguma careta, o que acabou provocando certa estranheza em Fábio.
- Está tudo bem, Ian? - Perguntou o rapaz.
- Ah, sim...claro! - Respondeu Ian, balançando a cabeça para fugir daqueles pensamentos.
"Certeza que ele vai querer bancar o bom rapaz pra impressionar Beca." Ian definitivamente não conseguiria disfarçar seu desconforto com relação a Fábio.
- Beca fala muito sobre você. - Disse Fábio, tentando puxar assunto com Ian.
- Ah, deve falar mesmo! Concordou Ian, com a cara de indiferente. - Mas, ela nunca me falou sobre você. - Retrucou Ian, indelicado.
- Ah, bom, nos conhecemos há pouco tempo, ainda não deu para eu ser pauta de assunto. - Brincou Fábio.
Ian apenas retribuiu o sorriso, tentando entender o que exatamente Fábio estava insinuando. 
- Bom, você deve estar faminto, posso te levar num lugar gostoso e barato, aqui perto. - Continuou Fábio.
- Pode ser.
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Enquanto isso, Beca pedia serviço de quarto e planejava ficar descansando por essa noite, pós viagem. Apesar de ser paralítica, Beca tinha o que chamavam de dores fantasmas, é quando um membro do corpo amputado ou sem sensibilidade parece doer, na verdade é tudo na mente, mas ainda assim, inevitável. O hotel ficava de frente com a praia do Leblon e Beca podia sentir a maresia que entrava pela sacada do quarto, convidativa a ir aproveitar o desfrute. Por algum tempo, Beca se esquecera da dor e do contratempo, dando espaço para o vislumbre que o lugar proporcionava.
De: Beca
Para: Ian
Meu amor, como eu queria você aqui comigo agora, esse lugar é um paraíso e você é a melhor parte para completar meu mundo!
Com amor, Beca.
ENVIAR
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Ian havia deixado o celular carregando em casa para ir jantar, pelo menos enquanto estivesse com Fábio, estava seguro da língua estrangeira não dominada. Aos poucos o rapaz foi se acostumando com Fábio e percebendo um cara legal e considerando que talvez não seria tão ruim ter a ajuda do modelo para sobreviver naquele país.
- Então, Beca me contou do desencontro, que chato hein cara? - Disse Fábio, enquanto escolhíamos uma mesa no restaurante.
- Eu ia pedi-la em casamento. - Confessou Ian.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Capítulo 14 - Vogue

"Good luck" disse o sarcástico taxista depois de deixar Ian no endereço que Beca lhe informara.
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- É, acho que precisarei de muita sorte mesmo! - Respondeu Ian consigo mesmo, já que o motorista já havia sumido de vista.
Aos poucos o rapaz foi recuperando a sanidade, o que nessa circunstância não era lá grande coisa, já que seu cérebro voltara a funcionar e processar a situação complicada em que havia se metido: passarei o natal num país estranho, de língua desconhecida e o pior de tudo, bem longe da Beca.
...
Beca ainda não havia parado de rir, se quer conseguia disfarçar o descontrole emocional, fazendo com que as pessoas a sua volta lhe dessem uma olhada de estranheza. Ela estava com a mala no colo e conduzindo sua cadeira de rodas motorizada para a parte de fora do aeroporto, em direção à um táxi, mas fez uma pausa para discar a última chamada e retomar a ligação de Ian.
- Hey! Está melhor? - Perguntou Beca, ao ouvir o "alô" do rapaz.
- Eu estou ferrado, Beca, estou muito ferrado mesmo! - Respondeu Ian com cara de apavorado.
Foi impossível Beca tentar controlar o ataque de risos novamente, deixando Ian boquiaberto com a falta de compaixão da garota.
- Você está rindo? Sério, Beca? - Continuou Ian inconformado.
Beca continuava descontrolada com seu acesso de risos e acabou não demorando muito até que Ian cedesse ao fato no mínimo cômico em que se encontravam.
- Eu não acredito na proeza que conseguimos. - Disse Beca, ainda tentando se recompor.
- Beca, eu não sei se quer pedir água em inglês. Eu tô ferrado! - Retrucou Ian, dando ênfase na última afirmação.
- Relaxa, tenho um amigo brasileiro aí, ele vai te socorrer. - Respondeu Beca.
- Amigo? - Perguntou Ian sismado. - Você nunca me falou que tinha um amigo brasileiro aqui.
- Eram muitas novidades, não dava pra falar tudo de uma vez. - Explicou Beca.
- Hum, tá. - Respondeu Ian, pouco satisfeito com a explicação da garota. - Qual o nome dele, como ele é?
- Fábio e é bem bonitão para ser honesta. - Respondeu Beca, nitidamente satisfeita em perceber o tom ciumento de Ian.
- Você sempre brincando  comigo, Maria Rebeca. - Respondeu Ian, tentando descontrair, mas ainda incomodado por haver outro cara na vida de Beca.
Ian nunca fora o tipo de namorado ciumento ou grudento, mas, como desde pequeno esperava o melhor das pessoas, assim como ele as via, temia que esse tal de Fábio poderia ser quem sabe outro cara legal e facilmente se apaixonaria por Beca e por que não, Beca por ele? Beca já era mais desapegada e demorava a perceber alguma coisa que os outros percebiam antes, mas Ian era para ela um livro aberto, Beca reconhecia o humor do rapaz apenas num olhar, ou numa ligação a distância, mas com Fábio, Beca nunca havia reparado se havia algo mais e também não estava preocupada em encontrar outro amor. Ian era suficiente, sempre seria.
- Deixa de besteira, Ian, Fábio é apenas um amigo e é bom você se acostumar, você precisará e muito da ajuda dele. - Respondeu Beca, tentando tranquilizar o rapaz.
- Quando você volta? - Perguntou Ian, ignorando o conselho de Beca.
- Dia 2 de Janeiro. - O Projeto que estou participando já terá retomado as pesquisas, o pessoal não quer perder tempo. - Explicou Beca. - E você?
- Dia 1. - Respondeu Ian, num tom de desapontado.
- Olha aí, teremos pelo menos algumas horinhas juntos! - Celebrou Beca.
- Não será o suficiente. - Retrucou Ian.
- Nunca será suficiente, por isso é amor! O amor sempre pede mais, Ian! - Justificou Beca.
Não há algo mais contraditório do que o amor, quanto mais o temos, mais queremos ter, mais queremos ser saciados e também compartilhar. Sempre queremos demonstrar para a outra pessoa o quanto ela é especial e ainda assim ele consegue ser suficiente para completar sorrisos e trazer paz.
- Eu também te amo! - Respondeu Ian. - Mas agora eu preciso desligar, essa ligação vai lhe custar muito. - Lembrou o rapaz.
- Tudo bem. Se o telefone fixo tocar, atenda! - Recomendou Beca. - E Ian, tenta curtir as férias. - Completou Beca.
- Onde você ficará? - Perguntou Ian, lembrando que Beca estava sozinha em solo carioca.
- Num hotel perto do Leblon. Te amo. - Respondeu Beca, se despedindo.
Que a família de Beca era rica, Ian já sabia, sua vida universitária e econômica que o fez se esquecer o quanto.
Ian explorou a casa de Beca, fazendo um reconhecimento de território. Beca dividia a casa com mais uma colega francesa, que também estava viajando, o que significava que a casa era toda do rapaz. A casa era térrea, para facilitar a locomoção de Beca, toda de carpete, com dois quartos, um de frente ao corredor que ligava com a sala e outro na lateral, esse era o de Beca. A cozinha não tinha diferença da arquitetura americana, um balcão dividindo os ambientes, mas com armários todos baixos, também adaptados para ajudar Beca na hora de fazer as refeições.
Ian levou a mochila até o quarto de Beca, a cama minunciosamente arrumada, nada havia fora do lugar, sequer um chinelo, Beca podia ter uma personalidade descontraída, mas era extremamente perfeccionista e gostava de tudo milimetricamente organizado; "eu tô ferrado" pensou Ian, ao analisar o ambiente, o rapaz desde sempre, fora um furacão, por onde passava, deixava seu rastro de destruição, roupas, meias e cuecas, todas jogadas pelos cantos.
Depois de algumas horas, a campainha tocou, Ian estava sentado no sofá da sala, tentando achar algum programa de tv com legenda, ou ao menos uma novela global, que lhe suprisse a abstinência pelo velho idioma. O rapaz parado na porta, era mais alto que Ian, cabelo liso castanho, corpo atlético, parecia modelo capa de revista para a Vogue. 
- Pois não? - Disse Ian, ao ver o rapaz.
- Ian? - Perguntou o rapaz.
- Sim. Você é o Fábio? - Perguntou Ian, incrédulo. Beca não mentira quando afirmou sobre a beleza do rapaz.
- Beca me disse que você estava precisando de um socorro. - Sorriu o rapaz com simpatia.
- Ela é uma exagerada. - Disfarçou Ian. - Entre.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Capítulo 13 - Surpresa!!!

Sim, a vida nos prega peças e esquece de perguntar se gostamos do gênero "surpresa".
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Quando as férias finalmente chegaram, Ian havia planejado uma viagem surpresa, ainda que de classe econômica para Cambridge, Massachussets, onde Beca residia atualmente. Embora demasiado nervoso por ser sua primeira viagem longa de avião e noção zero da língua estrangeira, o rapaz estava deveras animado por finalmente poder rever a amada pessoalmente. O que ele não sabia, é que o destino ao tentar ajudar o casal, promoveria o maior desencontro amoroso de todos os tempos, Beca também havia planejado fazer uma surpresa ao rapaz e desembarcaria no Rio de Janeiro na mesma data que Ian estaria de chegada aos Estados unidos. 
...
23 de Dezembro de 2015, 19h45, horário de Whashington.
Ian está com uma mochila de aventureiro pregada em suas costas, olhando a correria dos passageiros desembarcando e abraçando seus familiares, sem fazer ideia de como se quer, perguntar onde pode fazer uma ligação. Tudo o que ele tinha ao seu favor, era um papel com sua letra torta o qual escrevera o endereço de Beca; 
"Boylston St com a Ipswith St 22015"
Ian se quer sabia o que significava aquelas coordenadas, "que endereço mais confuso, por que não pode ser um único nome de rua com o número da casa? Que povo complicado!" "Ok, talvez agora eu deva pedir socorro para a Beca" pensou Ian. A ideia era surpreeender Beca na porta da casa em que estava morando, mas os planos precisariam ser mudados.
Beca estava no Aeroporto Tom Jobim, acompanhada de um profissional da companhia aérea que lhe ajudaria a pegar sua mala na esteira. O aeroporto estava lotado de pessoas chegando de viagem para passar as datas festivas com seus familiares ou amigos. Beca pegou o celular para conferir se havia alguma notificação no mesmo instante em que ele tocou e a foto de Ian aparecera na tela do visor.
- Ian! Adivinha onde eu estou? - Disse Beca com um largo sorriso.
- Eu espero que na sua casa, pra poder me socorrer. - Respondeu Ian.
- Como assim te socorrer? Onde você está? - Perguntou Beca confusa, mas ainda sorrindo.
- Hum...vejamos...aqui no Aeroporto Internacional de Boston, surpresa!!! - Respondeu Ian, nitidamente deslocado.
- Você está de brincadeira, né? - Perguntou Beca boquiaberta.
- Não. E preciso que você venha até aqui me buscar, porque eu nem imagino como explicar para o taxista este seu endereço. - Explicou Ian, olhando novamente para o papel com as coordenadas.
- Ian, eu estou no Rio, eu vim te fazer uma surpresa! - Retrucou Beca ainda sem acreditar no que estava acontecendo.
- Para Beca, é sério, você precisa vir aqui me buscar. - Respondeu Ian, sem acreditar na namorada.
- Ian, eu estou falando muito sério, eu estou saindo da sala de desembarque e pretendia te fazer uma surpresa. - Respondeu Beca pausadamente para que Ian registrasse cada palavra.
Houve um longo silêncio do outro lado da linha...
- Ian? - Chamou Beca uma vez. - Ian, alô, Ian, você ainda está na linha?
- Ahan! - Respondeu Ian abalado. - Beca, eu vou te passar para o taxista, você pode pedir por favor para que ele me leve até algum hotel super barato, por favor.
Ian respondrau à Beca, mas seu poder de raciocínio havia deixado seu corpo cerca de um minuto atrás.
- Ian, preste atenção! - Falou Beca, despertando o rapaz de algum mundo muito distante de tal realidade que estava presenciando. - Eu vou pedir ao motorista que te deixe onde estou morando. Você está me entendendo, Ian? - Perguntou Beca, certificando-se de que o rapaz estava acompanhando sua fala. 
Ian respondia mais com gestos do que com a própria audição, mas Beca pode ouvir um "ahan" ao fundo.
- Há uma chave enterrada na areia do casa - continuou Beca - em frente a porta da casa, use-a para entrar, entendeu? - Perguntou Beca. - Me passe para o taxista. - Eu preciso desligar, estou pegando minha mala, te ligo de volta daqui trinta minutos, ok? - Respondeu Beca, após dar as instruções ao motorista.
O motorista do táxi estranhou o comportamento indiferente do rapaz, mas carregava uma risada de zombaria que devia exibir a todos os turistas que não sabiam falar seu idioma.
- Is your first time here? - Perguntou o motorista, querendo saber se era a primeira vez de Ian por ali, obviamente ele queria testar o nível de conhecimento do rapaz quanto ao seu idioma.
Talvez num momento de sobriedade Ian teria dado uma resposta mais coerente, mas tudo o que pode responder foi: "no, thanks" que na verdade queria dizer "não obrigado". O motorista soltou uma larga gargalhada e ligou o taxímetro rumo, acelerando rumo à casa de Beca.

Capítulo 12 - Correspondências - Parte 2

O correio acaba de deixar uma carta na caixa postal de Ian, o rapaz não se aguenta de euforia ao ver o nome de Beca como remetente.
...
Ian segurava o envelope com um sorriso de triunfo no rosto, o correio havia atrasado as entregas, o rapaz esperava a resposta de Beca havia semanas. Não seria novidade afirmar que o coração de Ian chegava às mãos quando o assunto era sua eterna namorada. Ian não só a amava, mas também gostava de Beca, como quando encontramos aquela amizade a quem tanto queremos bem, era uma cumplicidade, um desejo mútuo de querem compartilhar suas alegrias, de fazer um ao outro feliz e isso era o que mais tornava esse amor tão especial.
Enquanto lia as palavras de Beca, Ian chorava, ria, ficava sério e até torcia a boca numa típica expressão de concordância. Quando terminou de ler, Ian aproximou a carta do rosto, como se pudesse sentir Beca e então descansou o papel sobre a cama e foi em direção à escrivaninha, pegando um caderno e caneta.
Beca, meu amor!
Preciso dizer que esses dias sem notícias foram um verdadeiro desafio, nossos desencontros me deixam a beira de um surto, não poder olhar em seus olhos e ver o brilho desses cachos dourados...ah maldito fuso horário, mas fiquei demasiado feliz quando finalmente chegou sua correspondência!
Começo a pensar que talvez eu seja o lado feminino dessa relação, eu odeio a saudade que venho sentido de nós, de você aparecendo na porta de casa para passearmos, de sentir seu cheiro, de sentir a paz que você me trazia num simples abraço, ou apenas por sorrir...ah seu sorriso, que saudade do seu sorriso e de saber que muitas vezes fui o motivo para tê-los. Sabe que ando até mesmo questionando esses poetas romanticamente incuráveis, que fazem a saudade parecer algo tão lindo...o que tem de lindo nela? Toda vez que a saudade parece me sufocar eu abro a internet e penso em comprar uma passagem apenas de ida até você, mas logo caio na realidade de um estudante universitário sem condições de enfrentar a alta do dólar...mundo narcisista! As coisas deviam ser feitas de amor, compradas por compaixão, com troco em abraços e beijos e não regidas por impostos e corrupções.
Sobre eu me lembrar da época que você ia naquele grupo de apoio à deficientes, lembro sim, na verdade eu nunca falei por medo de você talvez me xingar, eu sabia que você não era muito a favor de frequentar esses grupos, mas eu sempre quis acompanhar uma das sessões, ouvir as histórias que essas pessoas tem para compartilhar é algo que julgo que todos deveriam fazer algum dia. Eu nunca entendi por que as pessoas que se acham tão  perfeitas e agem com  tanta indiferença com as que julgam deficientes, achar-se perfeito é o princípio de uma vida medíocre, penso eu. Mas, isso é um conflito meu, minha mãe costumava dizer que eu sofria mais do que as outras crianças porque eu era um super herói e só via o melhor das pessoas, mas, a verdade é que as coisas são assim. Eu lembro que a primeira vez que eu te vi, te achei, na minha ingenuidade, uma privilegiada por poder andar numa cadeira de rodas, aí fomos crescendo e eu percebi que o sortudo era eu em te ter por perto. Mesmo que a gente não chegasse a namorar, você sempre teria me feito muito feliz, apenas por estar por perto. Mas confesso que na noite da formatura alcancei um pedaço do céu quando percebi que poderia ter mais...Ah como eu te amo Maria Rebeca, minha Bequinha, amo o jeito com que deve estar torcendo o nariz ao ler seu nome composto, amo a maneira como arruma o cabelo num cacho perfeito, amo ainda mais poder desfazê-lo e sentir o perfume do shampoo que ele distribue enquanto balança, enfim te amo e não há distância que possa mudar isso! (suspiros)
Fico feliz com a possibilidade, mesmo que remota, de te ver andando, estarei torcendo daqui!
A partir da próxima semana devo responder com menos frequência as cartas, começaremos uma espécie de competição para ganhar uma vaga em um dos mais importantes escritórios de advocacia do Rio de Janeiro e também as primeiras etapas do TCC, enfim, já estou tentando preparando o psicológico para noites de sono abreviadas e um tempo maior sem contato com você... Ainda assim, será uma grande oportunidade estou bastante confiante quanto às minhas chances, apesar de estar competindo contra outros 345 alunos. Não é só uma oportunidade única de carreira, é uma chance de ouro de entrar como associado numa potência em advocacia. Quase posso me ver de terno e gravata, entrando numa sala de tribunal e defendendo com unhas e dentes os fracos e oprimidos. (risos).
Bom, faltam menos de três meses para o fim do ano e caramba, as passagens estão cada dia mais caras, mas estou louco para ir te ver, tentarei economizar ao máximo.
Até breve.
Não se esqueça do meu amor!

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Divulgação do livro - Eu Vejo Kate

Aê galera!

Hoje é dia de Novidade!

A editora Empíreo em parceria com alguns blogs, está realizando um book tour do livro: Eu Vejo Kate, da autora Claudia Lemes.

Fiquem atentos que em breve terá resenha aqui no blog! ;)




quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Capítulo 11 - Correspondências - Parte 1

Fazem seis meses, sete dias, nove horas e segundos intermináveis desde a última vez que vi o Ian.
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Querido Ian,
Amei receber notícias suas e saber que o curso era realmente o que esperava. De fato deve ser bastante puxado, fazer Direito em uma das melhores universidades do Brasil imagino que seja um tanto quanto exigente, mas você é inteligente, vai se dar bem.
Ao contrário do que muitos dizem, morar sozinha e ainda em um país diferente não é a melhor das experiências, não que eu esteja reclamando, quer dizer, o pessoal aqui é legal mas, não tem aquele calor humano que os brasileiros tem, sabe? 
Bom, a parte dos estudos está incrível! Poder cursar medicina em Harvard é algo surreal e apesar do meu inglês ser bom, as vezes me pego perdida em uma aula ou outra por causa de tantos termos técnicos. Os estudantes do quarto ano estão desenvolvendo um estudo para pessoas com paraplegia e me convidaram para fazer um experimento, não é incrível?
A ideia de poder voltar a andar é algo que me encanta, confesso. Nunca falamos sobre isso e na verdade não tenho muitos problemas em aceitar minha deficiência, na verdade, as pessoas à minha volta é que parecem ter. E sim, aqui o preconceito é enfático comparado ao Brasil, o que é um dos grandes motivos de eu não achar a vida estrangeira lá essas coisas. Acho que tudo bem no meu caso porque, eu não ando desde sempre, entende? Mas se lembra daquele grupo de apoio que meus pais me fizeram frequentar por um tempo? Eu ouvia algumas histórias de pessoas que tiveram bastante dificuldade para lidar com suas condições, sei lá, fico olhando para a minha vida eu me sinto abençoada, porque, normalmente as pessoas são cruéis com nós deficientes. Não que eu seja imune ao preconceito, eu convivo com isso desde sempre, uma simples ignorada que alguém pratica na rua, mesmo me vendo tendo alguma dificuldade, já demonstra que a indiferença é real. Claro que existem pessoas que querem ajudar, mas tem receio de serem interpretadas mal, graças àqueles que não querem, ou não sabem lidar com um mínimo de dependência que a sua condição exija. Mas sei lá, todo mundo é limitado, deficiente ou não. Pessoas precisam de pessoas, bom, isso é o que eu acho.
Teve uma história que jamais esqueci, era de uma mulher, o nome dela era Maria Clara, ela deve ter uns trinta e cinco anos hoje em dia, mas na época devia ter pouco mais de vinte e cinco. O carro que ela dirigia capotou cinco vezes antes de parar no acostamento, uma amiga que estava sentada no banco traseiro fora arremessada para fora do carro e morreu na hora. A outra colega, sentada no banco do passageiro, teve apenas algumas escoriações e foi quem quem fez os primeiros socorros e ligou para a emergência, Maria Clara teve traumatismo craniano, fraturou costelas, a perna esquerda, perfurou os pulmões, mas milagrosamente sobreviveu. Infelizmente, a pancada na cabeça atingiu uma parte responsável pela visão e a Maria, apesar de inúmeras cirurgias, nunca mais voltou a ver outra vez a luz do dia.
A vida não é incrível? Olha a trajetória numa mesma cena com três pessoas diferentes.
Se formos parar pra tentar entendê-la, vamos deixar de vivê-la.
E sim, está sendo muito difícil sem você, minha melhor companhia.
Com amor,
Beca.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Entrevista com Lucão

Eu fico admirada com pessoas que tornam a nossa vida mais sorridente e hoje eu estou aqui editando essa entrevista com uma satisfação que vocês nem mensuram.

Isso porque, o entrevistado de hoje, é um cara demais de humilde, uma atenção com as pessoas a sua volta, que vivendo nesse mundo de tanto individualismo, dá até pra surpreender.

O Resenhas tá recheado de novos autores gente boa e o de hoje não é diferente, hoje, trago um presentão para vocês, uma troca de ideias com o cara que o nome do seu livro já é um poema, Lucão, do livro de contos:




Sem mais demoras, confira agora a entrevista que o Lucão cedeu ao blog!


Ficha Técnica

Nome: Lucas Cândido Brandão – Lucão

Idade: 31

Cidade natal: Goiânia      

Instagram: @blogdolucao

Facebook/abraobico

Site: http://www.abraobico.com.br/










Lucão, agradecemos demais todo carinho e atenção com o blog e pela entrevista incrível que nos proporcionou.

Desejo de coração muito sucesso, você inspira muita gente!

Tudo de bom!

Curtiram a entrevista? Deixa aí seu recadinho e até a próxima galera!!!